Ministério Público da Suíça diz que devolveu US$ 120 mi desviados
Chefe do órgão, que se reuniu com Janot em Brasília, afirma ter congelado US$ 400 mi
O Ministério Público da Suíça informou nesta quarta (18) que devolveu ao Brasil US$ 120 milhões desviados do esquema na Petrobras até agora. Ao todo, diz ter congelado US$ 400 milhões (R$ 1,3 bilhão) e aberto nove investigações sobre o caso no país.
As informações são do procurador-geral da Suíça, Michael Lauber. Ele está em Brasília para reuniões com procuradores brasileiros, alguns deles integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato.
A Procuradoria suíça disse ter recebido cerca de 60 relatos de suspeitos de lavagem ligados ao esquema. Até agora, diz, 300 contas vinculadas a 30 bancos na Suíça foram vasculhadas por "aparentemente" integrarem o esquema de desvios no Brasil.
Segundo os suíços, a maioria dos beneficiários dessas contas são empresas, altos executivos da Petrobras e fornecedores --todos ligados, direta ou indiretamente, com as suspeitas na Petrobras.
Segundo a Folha apurou, pelo menos US$ 77 milhões desse montante foram transferidos pela holandesa SBM Offshore, fornecedora da Petrobras, a duas offshores de Julio Faerman, seu representante no Brasil até 2012.
Entre 2003 e 2013, segundo documentos suíços, uma dessas offshores, a Jandell Investments, recebeu US$ 36 milhões, e a outra, a Bien Faire, US$ 46 milhões.
Somente dessas duas empresas de Faerman, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco teria recebido US$ 22 milhões, sendo US$ 8 milhões por meio de sua própria offshore, a Tropez Real State.
Faerman, apontado como elo do pagamento de propinas da SBM a funcionários da Petrobras, recebeu US$ 139 milhões por serviços prestados à empresa holandesa.
Barusco, que admitiu ter recebido propina, se comprometeu a repatriar US$ 67 milhões dos US$ 97 milhões que diz manter na Suíça. Segundo os procuradores brasileiros, R$ 182 milhões desse dinheiro já foram devolvidos.
As autoridades informaram que abriram investigação contra oito brasileiros.
O procurador-geral suíço classificou o caso Petrobras como "importante". Lauber passou dois dias em Brasília conversando com o procurador-geral da República brasileiro, Rodrigo Janot.
As autoridades suíças dizem ter "grande interesse em contribuir para a resolução do escândalo através de suas próprias investigações".
Mais cedo, um grupo de parlamentares, entre eles o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), foi à Procuradoria-Geral da República prestar solidariedade a Janot. O movimento foi uma resposta às críticas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), investigado na Lava Jato, a ele. (LEANDRO COLON E GABRIEL MASCARENHAS)