Aliados de Kassab vão ao TSE pedir recriação de partido
Solicitação foi feita às vésperas de entrar em vigor uma lei mais rígida, que dificulta o surgimento de novas legendas
Peemedebistas acusam o ministro e o governo de tentar criar o PL para atrair nomes do PMDB e da oposição para a sigla
Aliados do ministro das Cidades e ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), apresentaram na noite desta segunda-feira (23) ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o pedido de recriação do Partido Liberal, ação que representa uma das principais fontes de atrito entre o PMDB e o Palácio do Planalto.
Peemedebistas, incluindo os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do Senado, Renan Calheiros (AL), acusam o Planalto e Kassab de tentar recriar o PL com o objetivo de atrair integrantes do PMDB e da oposição para a nova legenda.
A intenção final seria esvaziar o poder dos correligionários do vice-presidente Michel Temer (PMDB) na coalizão governista. Peemedebistas reagiram de imediato e afirmaram, nesta terça (24), que haverá agravamento da tensão na relação do partido com o Palácio do Planalto.
"Com certeza isso agravará o quadro político, porque seguraram a sanção para dar chance a ele [Kassab] e isso terá um custo político para o governo", disse Cunha.
O Congresso, sob o comando do PMDB, aprovou no início do mês projeto com o objetivo de barrar as pretensões de Kassab. O texto dificultava a criação de partidos.
Dilma, porém, não havia sancionado ou vetado o projeto até o final da tarde desta terça (24), último dia para que ela se posicionasse sobre o tema. Caso não se manifeste, o Congresso promulga a lei.
Devido à iminência da sanção ou da promulgação, aliados de Kassab se apressaram em entrar com o pedido de registro da nova agremiação devido à interpretação de que o ato, feito antes da eventual sanção ou promulgação, permite ao PL se beneficiar da legislação que vigora hoje.
"Isso vai gerar graves consequências na condução política da base governista. É muito ruim em um momento em que se busca harmonia política", disse Leonardo Picciani (RJ), líder da bancada do PMDB na Câmara.
No pedido ao TSE, os aliados de Kassab dizem já ter as quase 500 mil assinaturas de apoio necessárias para que o partido seja criado, mas que, devido a uma suposta demora da análise pelos cartórios eleitorais, a totalidade dessas assinaturas só será enviada posteriormente ao tribunal.
Em público, Kassab nega relação com a recriação do PL. Peemedebistas afirmam que o ex-ministro da Educação Cid Gomes (Pros) também está por trás da movimentação, o que ele nega.
Pela lei, políticos que migram para novos partidos não são punidos por infidelidade partidária. A intenção dos aliados de Kassab era, depois, fundir o PL ao PSD e criar uma sigla governista que rivalize com o PMDB.
O projeto aprovado pelo Congresso estabelece, entre outras travas, que novos partidos só podem se fundir após cinco anos de sua criação.