Ex-diretor de estatal de energia é preso em nova investigação
Suspeita é que firma de parente de Winter Coelho, hoje assessor na Eletronorte, foi usada para receber propina
Segundo a PF, empresa que movimentou R$ 4 milhões não possui sede física nem quadro de funcionários
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam uma empresa de familiares de um ex-diretor da Eletronorte, ligada ao Ministério de Minas e Energia, que recebeu depósitos de fornecedoras da estatal.
Sediada em Brasília, a C&C Consultoria está registrada em nome de um concunhado de Winter Andrade Coelho, 62 anos, funcionário de carreira da Eletronorte, hoje assistente da diretoria de Operação da estatal.
Os investigadores suspeitam que a C&C tenha sido usada como "laranja" para receber pagamentos de propinas. Segundo a PF, a empresa movimentou R$ 4 milhões e "não possui sede física nem quadro de funcionários".
Coelho e seu parente, cujo nome não foi divulgado, foram presos na manhã desta quarta-feira (15), com a deflagração da Operação Choque, iniciada há mais de um ano.
O setor em que Coelho trabalha hoje na Eletronorte é responsável pelo funcionamento das hidrelétricas da estatal, como Tucuruí (PA), Balbina (AM) e Samuel (RO).
Também foram cumpridos nesta quarta mandados de busca e apreensão na sede da Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A), em Brasília, e endereços em Belo Horizonte (MG), Porto Velho (RO), Marília (SP) e Rio de Janeiro.
PATRIMÔNIO
Segundo nota divulgada pelo MPF, Coelho e sua família "viviam uma vida de luxo", e seu "teve um acréscimo exorbitante nos últimos anos". Detalhes a respeito disso, no entanto, não foram informados.
A Folha apurou que foi a dúvida sobre a origem dos recursos da família de Coelho que levou os investigadores a detectar os depósitos na C&C, após quebra de sigilo bancário decretada pela 10ª Vara Federal de Brasília.
De acordo com a delegada da PF que cuida do caso, Fernanda Costa de Oliveira, a investigação deverá ser ampliada nos próximos dias.
Nos depoimentos prestados nesta quarta, Coelho e seu parente exerceram o direito de ficar em silêncio.
Em 2005, reportagem da Folha mostrou que Coelho chegou a ser cotado para presidir a Eletronorte a partir de uma indicação do senador Valdir Raupp (PMDB-RO).
Na época, a indicação acabou sendo vetada pela então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff, hoje presidente da República.