Professor e católico, advogado persegue nomeação há anos
Elogiado pela cultura jurídica, Luiz Fachin sempre sofreu resistências por suas opiniões progressistas
Ele postou vídeos na internet explicando suas posições, material criado por profissional que atuou para Dilma
Em 2010, quando o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Eros Grau se despedia da corte, um jornal paranaense noticiou que era "pelo menos a quinta vez" que advogado Luiz Edson Fachin aparecia como "fortemente cotado" para a vaga.
Mas a cultura jurídica reconhecida do professor de direito civil esbarrava em resistências por sua atuação na áreas de direitos humanos e questões agrárias, onde coleciona posições progressistas.
A alegada proximidade com grupos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) atrapalhava. Em 2008, ele assinou uma "Carta de Repúdio à política oficial" do Ministério Público gaúcho, na época acusado de tentar "criminalizar" a entidade com ações em série.
A assessoria de Fachin diz que ele não trabalhou para o MST nem tem amizade com seu líder, João Pedro Stédile.
Personalidades da academia e do Judiciário o elogiam. Associações soltaram notas de apoio. E até ministros do STF deram declarações favoráveis. "Do ponto de vista da qualidade técnica, não se pode falar nada contra ele", diz Sérgio Renault, ex-secretário de Reforma do Judiciário.
"Ele é muito técnico [...] Falar que é um quadro do PT e da CUT é má-fé", diz o cientista político Rudá Ricci.
Fachin nasceu em 1958 em Águas de Rondinha (RS), filho único de uma professora e de um pequeno agricultor.
Aos 17, mudou-se para Curitiba. Em 2006, criou seu escritório, com a filha como sócia. Em 2014, a banca associou-se à Girardi Sociedade de Advogados. Hoje, atuam em demandas arbitrais, mediação, questões cíveis, comerciais e ambientais.
Católico praticante, também atuou próximo ao empresariado. Foi árbitro da Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem CIESP/FIESP e é membro de diversas câmaras arbitrais no exterior.
Contra o que seus apoiadores chamam de "campanha difamatória", ele colocou vídeos na internet explicando suas posições. As páginas foram feitas pelo diretor de arte da empresa Pepper, Renato Rojas, que presta serviços para o PT e atuou na campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014, mostrou o jornalista Claudio Tognolli em seu blog.
A assessoria de imprensa da Pepper disse que não sabia que Rojas estava prestando serviços para Fachin. Segundo a empresa, o funcionário está de férias e não comunicou o trabalho à agência.
A assessoria de Fachin confirma ter contratado Rojas. O assessor de indicado diz que ele desconhecia o histórico de Rojas na campanha de Dilma e seu vínculo com a Pepper.