Equipe de gestão de crise auxilia indicado
Para combater críticos, aliados contrataram escritório de monitoramento de redes sociais e uma assessoria de imprensa
Há senador que diz ter recebido 6.000 e-mails contra ele; pastor Silas Malafaia foi um dos que incitaram mobilização
Protagonista daquele que talvez tenha sido o mais intenso debate público sobre uma indicação para o STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fachin se cercou de uma equipe profissional para tentar reagir à campanha contra a aprovação de seu nome.
Ao menos três núcleos ajudaram a estruturar uma operação de resgate da imagem do professor indicado pela presidente Dilma Rousseff.
A empresa Medialogue, que trabalhou na campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB) em 2014, monitorou as menções a Fachin em redes sociais. Em outra ponta, houve a contratação de um designer da agência Pepper, que trabalhou para Dilma, para a criação de um site de defesa do advogado.
No centro das duas operações, a assessoria de imprensa de Samuel Figueiredo, a F7 Comunicação, assumiu as relações com a mídia e agregou ao time conselhos de especialistas em gestão de crise.
Parte do resultado desse trabalho foi visto na sabatina de Fachin na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, nesta terça (12).
Ele chegou à Casa ao lado da mulher, filhas e genro. Disse no início que se considerava um "sobrevivente" e respondeu às perguntas em tom monocórdio e afável. O objetivo era afastar a imagem disseminada por críticos de que se trata, na verdade, de um esquerdista vinculado ao PT que defende a poligamia.
A medição nas redes sociais mostrou há cerca de 15 dias que mais de 90% das menções a Fachin eram negativas e que, além da resistência política, havia um movimento negativo entre representantes de setores religiosos e ruralistas.
Um exemplo é um vídeo do pastor Silas Malafaia, que teve mais de 18,5 mil visualizações e vinha acompanhado de uma lista com os e-mails dos 81 senadores. "De uma vez só você manda para tudo que é senador: 'Diga não a dr. Fachin no STF'", orienta.
"Minha gente, a coisa tá feia", diz Malafaia no vídeo. "Agora, a presidente Dilma indica o dr. Fachin, para ministro do STF. [...] Esse cidadão defende a poligamia. [...] O camarada tem ideia de comunista. É contra a família."
Movimentos anti-Dilma também fizeram sua mobilização. Alguns senadores relataram terem recebido até 6.000 e-mails.
Fachin tentou minimizar o desgaste. Bateu em todos os gabinetes, com a fala mansa e um currículo encadernado debaixo do braço. Alguns não o receberam.