Cunha foi destinatário da propina, diz doleiro
Presidente da Câmara nega envolvimento
Delator da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef declarou à Justiça nesta quarta (13) que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi o "destinatário final" de propina paga pelo aluguel de navios-sonda para a Petrobras, em 2006.
Youssef depôs na condição de réu. Ele também citou o lobista Fernando Soares, o Baiano, como "destinatário final" da propina e operador do PMDB na Petrobras.
O doleiro disse que o empresário Júlio Camargo citou "exatamente" o nome de Cunha a ele, em conversas sobre pagamento da propina, em 2011. Depois, complementou afirmando que Camargo "deixou transparecer" que Baiano representava Cunha no assunto das sondas.
Em depoimento poucos minutos depois, Camargo, que também faz delação premiada, negou que tenha mencionado Cunha ou atribuído qualquer participação ao deputado nesse episódio.
O atual presidente da Câmara nega ter sido beneficiário do esquema de corrupção na Petrobras.
Segundo Youssef, Camargo estava "realmente bastante perturbado" quando foi procurá-lo para que o ajudasse no pagamento da propina, que estava atrasado. A preocupação, disse, era com os requerimentos feitos pela Câmara ao TCU (Tribunal de Contas da União), que pediam informações sobre contratos da Mitsui com a Petrobras, uma empresa que Camargo representava.
Youssef voltou a afirmar que os pedidos eram um meio de forçar Camargo a pagar a propina; e que foram solicitados por Cunha "através de outros deputados".
O doleiro reafirmou que fez um pagamento de aproximadamente R$ 4 milhões em espécie a Baiano, e depois entregou outros R$ 2 milhões a Camargo em seu escritório, para completar o que o empresário devia ao operador.