Petrolão
Papéis apontam que ex-diretores abriram contas em Mônaco
Documentos bancários trazem assinaturas e cópias de passaporte de Duque, que está preso na PF, e de Zelada
País europeu bloqueou R$ 108 mi por suspeita de o valor tratar-se de propina relacionada a contratos na Petrobras
Documentos enviados à Operação Lava Jato por autoridades de Mônaco apontam que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o ex-diretor da área Internacional Jorge Zelada controlavam contas naquele país por meio de empresas constituídas no Panamá, um paraíso fiscal na América Central.
Há fichas de abertura de contas com a assinatura de Duque e de Zelada, cópias dos passaportes dos dois e até conta de luz com o endereço de Zelada no Rio. Atas das empresas que eles abriram no Panamá trazem os nomes dos dois como os operadores das contas bancárias.
Duque está preso desde 16 de março sob acusação de ter transferido para Mônaco € 20 milhões (R$ 67,6 milhões) que tinha na Suíça. Zelada, por sua vez, tem € 12 milhões (R$ 40,6 milhões) bloqueados.
Autoridades de Mônaco bloquearam os € 32 milhões (R$ 108 milhões) dos dois por causa da suspeita de que se trata de dinheiro de propina.
Os documentos também mostram que ambos usaram as mesmas estruturas, em épocas próximas, para criar as companhias e abrir contas bancárias num mesmo banco em Mônaco, o Julius Bär, fundado em 1890 na Suíça.
A empresa de Zelada foi aberta no Panamá em janeiro de 2011. Já a de Duque foi criada em março daquele ano. Após 60 dias, ambas abriram contas em Mônaco. O mesmo escritório de advocacia criou as duas companhias: o Alemán, Cordero, Galindo & Lee.
As apurações das autoridades de Mônaco apontam que Duque era beneficiário econômico de três empresas no Panamá e de um "trust" na Ilhas Virgens Britânicas ("trust" é um tipo de empresa cujo sigilo sobre os seus donos é dos mais elevados).
Zelada tinha, além da empresa no Panamá, uma conta em seu próprio nome em Mônaco, de acordo com o Ministério Público Federal.