Finalidade foi 'conservar as estruturas'
A experiência de outros países poderia ter sido útil ao Brasil, mas as votações na Câmara representam "muito mais acordos momentâneos, entre grupos políticos específicos", diz Rodolfo Marcílio Teixeira, que estudou o tema em seu doutorado na UnB. Leia trechos da entrevista.
Manifestações
É necessário elencar o que foi pauta das manifestações de junho de 2013 --combate à corrupção eleitoral, mudança do perfil da classe política, mais representatividade e mais atenção aos serviços públicos. O que foi votado é, na verdade, resultado de disputa na Câmara. Não tem nada a ver com o que aconteceu nas ruas. Eles não ouviram.
Debate
Essa reforma representa muito mais acordos momentâneos, entre grupos políticos específicos, do que resultado de uma discussão. Quase nada do que foi discutido no grupo de trabalho do ano retrasado foi levado em conta.
O que foi discutido em outras comissões de reforma política, que aconteceram em 2003, 2006 e 2007, e outros anos, também nada foi levado em consideração. Então, na verdade o que está sendo feito é uma minirreforma que atende a interesses particulares.
Outros países
A Bélgica utiliza a cláusula de barreira, e funciona bem. Eles têm uma cláusula de barreira de 5%, o que fez com que os partidos reprovados na campanha se reorganizassem para conseguir superar o obstáculo, e isso foi bom para o sistema, porque havia uma forma de punir partidos, os partidos tinham consciência. Houve uma renovação política.
Em Portugal, não é necessário ser filiado para se candidatar, o que permite maior liberdade aos candidatos. Todos esses países têm alguma contribuição, mas a gente não pode buscar uma fórmula secreta que resolva todos os problemas, isso não vai acontecer.