Ex-senador acusado no mensalão tucano é intimado a depor
Clésio Andrade, que renunciou ao mandato, será ouvido na 1ª instância, em Minas Gerais
Quase um ano após renunciar ao mandato, o ex-senador e réu no mensalão tucano Clésio Andrade (PMDB-MG) foi intimado a depor na Justiça mineira, onde o processo tramita depois que ele perdeu o foro privilegiado.
A audiência foi marcada pela juíza Melissa Pinheiro Costa Lage, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, para 7 de julho. Também serão ouvidas testemunhas de defesa.
Segundo o Ministério Público, o mensalão tucano foi um esquema de desvio de dinheiro público do governo de Minas Gerais para a fracassada campanha do então governador Eduardo Azeredo (PSDB) à reeleição, em 1998.
Azeredo, que depois se elegeu senador e deputado e hoje é diretor-executivo da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais), sempre negou as denúncias, assim como os demais réus.
Clésio foi o candidato a vice de Azeredo e mantinha sociedade na empresa de publicidade de Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach --condenados pelo mensalão petista--, acusada de lavar o dinheiro desviado.
Atualmente, ele é presidente da CNT (Confederação Nacional do Transporte).
O caso começou a ser apurado em 2005, e a Procuradoria-Geral da República apresentou denúncia em 2007.
Clésio renunciou em julho, citando problemas de saúde. Assim, o processo saiu do Supremo Tribunal Federal e voltou à 1ª instância, que estava sem juiz titular até abril.
A tramitação registrada informa que os autos só chegaram à juíza na quinta (28). As testemunhas de acusação já foram ouvidas pelo Supremo.
Quanto maior a demora, maior é o risco de que os crimes apontados prescrevam.
Dois réus no caso já foram beneficiados pela prescrição por terem completado 70 anos, quando o prazo é reduzido pela metade: Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro e então vice de Azeredo, e Claudio Mourão, então tesoureiro da campanha do PSDB.
Em fevereiro de 2014, Azeredo renunciou ao cargo de deputado federal, o que levou o caso de volta à 1ª instância --permitindo a ele uma quantidade maior de recursos.
Seu processo já chegou instruído pelo STF. Ou seja, aguarda só uma decisão da Justiça, pois não é preciso ouvir réu, acusação e testemunhas. Em nota, a juíza Melissa Lage disse que "já iniciou a análise" dos 52 volumes do processo e, ao finalizar essa etapa, deve sentenciá-lo.