Outro Lado
Ação da polícia é arbitrária, afirma governo de Minas
Marfrig e Casino negam ter pago empresa de primeira-dama, mas não informam se contrataram consultor
O governo de Minas Gerais afirmou, em nota, que a ação da Polícia Federal nesta quinta (25) é a "extensão da arbitrariedade cometida anteriormente", quando um apartamento da mulher do governador Fernando Pimentel, a jornalista Carolina Oliveira, foi alvo de busca e apreensão.
"Com base somente em ilações e deduções fantasiosas, essa investigação prossegue eivada de irregularidades", diz a nota do governo. A ação no apartamento de Carolina ocorreu no final de maio.
A nota do governo afirma que o casal está e sempre esteve à disposição das autoridades, "o que torna desnecessária e abusiva a reiterada tentativa de utilizar esse tipo de medida policial".
Ainda segundo o governo de Minas, serão tomadas providências para "coibir o abuso e a arbitrariedade" na condução das investigações.
Sobre o pedido de abertura de inquérito contra o governador, que depende de decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), o advogado de Pimentel, Antonio Carlos de Almeida Castro, disse à Folha que não conseguiu acesso aos documentos. Ele criticou os pedidos de busca.
"Estamos falando do governador de Minas Gerais, não de uma pessoa qualquer. Claro que a investigação tem que ser feita, mas tem que ter racionalidade nos pedidos."
A Justiça também não autorizou os pedidos de busca e apreensão nos grupos Marfrig e Casino, no BNDES e na sede do PT em Minas.
Por meio de nota, a assessoria da agência Pepper informou que a empresa deu acesso aos documentos requeridos e continuará à disposição das autoridades.
O BNDES informou, por meio de sua assessoria, que a empresa Pepper prestou serviço de produção e manutenção de um hot site e peças para internet da campanha "Conte com o BNDES", em 2013.
A Pepper fez repasses para a Oli Comunicação no mesmo período em que atuou para o banco público.
Segundo o banco, a contratação é realizada pela agência de publicidade responsável pela campanha, no caso, a Nova SB. A escolha se dá mediante cotação de preços em sessão pública onde a proposta de menor valor é a selecionada. O BNDES informou que observou todos os preceitos legais e que não houve qualquer interferência política.
A Marfrig, por meio da assessoria de imprensa, informou que não "efetuou pagamento à Oli Comunicações". Diz que desconhece as investigações e por isso não pode comentar o assunto. Questionada, a empresa não respondeu, porém, se fez algum depósito à MR Consultoria.
O Grupo Casino diz que não efetuou pagamento para Oli nem para a esposa do governador. A empresa também não conseguiu informar, no entanto, se houve transferências para a MR Consultoria.
O consultor Mário Rosa, dono da MR Consultoria, disse que contratou a Oli Comunicação para que ela o auxiliasse em uma das maiores ''crises empresariais'' dos últimos anos.