Pimentel não cumpre corte anunciado
Governador de Minas prometeu redução de 20% nos cargos, mas verba foi transferida de pastas antigas para novas
Petista calcula que reforma economizou apenas 0,27%; Estado prevê deficit de R$ 7 bilhões em 2015
Apesar de o governador Fernando Pimentel (PT) ter anunciado, como vitrine de sua gestão, um corte de 20% nos cargos comissionados em Minas Gerais, a redução desses postos entre janeiro e agosto ficou próxima a zero.
O anúncio foi feito pelo governador em propaganda do PT de Minas de abril deste ano. Nela, Pimentel também critica gastos das gestões dos tucanos Aécio Neves e Antonio Anastasia, que governaram o Estado de 2003 a 2014.
No entanto, o próprio governo admite que o chamado "corte" foi apenas a transferência de verbas destinadas à nomeação de cargos de confiança das pastas antigas para secretarias recém-criadas.
Com essa transferência, a administração petista calcula que, do valor total, economizou apenas 0,27% –aproximadamente R$ 40 mil.
A informação foi dada em 3 de agosto, em resposta a requerimento feito pela oposição via Lei de Acesso à Informação e obtido pela Folha.
Assinado pela Secretaria de Planejamento, o ofício ainda diz que a reforma administrativa conduzida no início do ano não tinha como propósito a extinção de cargos, mas aumentar a estrutura do Estado sem impacto financeiro.
Questionado pela reportagem, o governo não respondeu por que a transferência de verbas foi classificada de "corte" na propaganda.
No governo Pimentel, o número de secretarias subiu de 17 para 20. Foram criadas as pastas de Direitos Humanos e Desenvolvimento Agrário, que abrigam aliados petistas ligados a movimentos sociais.
O petista também dividiu uma secretaria em duas, Esporte e Turismo, cujos comandos ficaram respectivamente nas mãos de pessoas ligadas ao PRB e ao PC do B.
Minas usa um sistema de pontos para distribuir o número de vagas com comissionados que cada órgão pode bancar. Ao assumir, Pimentel pediu que os secretários deixassem 20% dos pontos vagos, que seriam extintos ou usados em outro local.
Em nota, o governo afirma que bloqueou 20% dos cargos comissionados que, posteriormente, foram transferidos a novas secretarias.
Desde que assumiu o governo, Pimentel tem destacado a situação deficitária do Estado, que prevê um rombo de R$ 7 bilhões em 2015.
"A situação [das finanças do Estado] é grave", disse Pimentel na propaganda de abril. "Estamos arrumando a casa. Agora, já cortamos 20% dos cargos de confiança".
O gasto com pessoal serviu como justificativa para o governo propor uma lei que permite usar 75% dos depósitos judiciais para sanar despesas.
NA INTERNET
Veja propaganda de Pimentel em abril
folha.com/no1674605