Indicação para a Caixa é foco de atrito entre Temer e Mercadante
Vice queria emplacar aliado, mas ministro já tinha outro nome
A indicação a uma das vice-presidências da Caixa provocou mais um atrito na já desgastada relação entre o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).
Temer ficou irritado ao saber que Mercadante consultou o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), antes de definir o nome do futuro ocupante de uma das mais cobiçadas cadeiras do banco.
O vice-presidente pretendia emplacar Roberto Derziê, que já ocupava este posto na Caixa, mas o deixou para assumir a secretaria-executiva da SRI (Secretaria de Relações Institucionais) quando Temer ficou responsável pela negociação do governo com o Congresso.
Quando Temer abandonou a articulação política, tentou recolocar o aliado na Caixa. O vice-presidente, porém, foi informado de que Mercadante estava negociando um outro nome com Picciani. Temer, segundo um interlocutor, se sentiu desrespeitado ao saber do ocorrido.
As disputas entre o vice e Mercadante, que também atuava na articulação com partidos da base, ganhou novos contornos nas últimas semanas. Temer chegou a confidenciar a aliados o incômodo com articulação paralela do Palácio do Planalto e a dificuldade de a Casa Civil liberar cargos negociados por ele.
Mercadante disse à Folha que não desautorizou Temer no caso em questão.
Segundo o titular da Casa Civil, Picciani já havia indicado para uma das vice-presidências da Caixa um servidor de carreira que foi aprovado pelo ministério.
Dias depois, porém, Mercadante disse ter sido informado do pleito de Temer por intermédio do ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil).
"Falei com Picciani porque ele havia sugerido, junto com a bancada do PMDB, outro nome para o mesmo cargo. Padilha me ligou ontem, e eu disse que havia dois nomes. Falei para eles se acertarem", afirmou Mercadante.