Outro lado
Raupp nega ter recebido suborno; empresas têm versões divergentes
Integrante da equipe que defende o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) no STF (Supremo Tribunal Federal), o advogado Daniel Roller, não quis se pronunciar sobre o relatório da Polícia Federal.
O documento levanta suspeitas de que a refinaria de Manguinhos tenha feito pagamentos a aliados do senador na campanha de 2010.
Para a defesa de Raupp, as suspeitas sobre Manguinhos não têm qualquer relação com o objeto do inquérito, que é apurar se o congressista se beneficiou de recursos oriundos do esquema de corrupção na Petrobras.
Em ocasiões anteriores, o senador negou ter recebido recursos ilícitos e disse que a doação da Queiroz Galvão, que deu origem à investigação após delatores da Lava Jato a relacionarem à propina, financiou o PMDB de Rondônia, e não a sua própria campanha.
O advogado da refinaria de Manguinhos no inquérito sobre Raupp, Cláudio Rodrigues Neto, negou que a empresa tenha contratado serviços da Angular Formulários e do escritório de advocacia do concunhado do senador, José de Almeida Júnior.
"Não houve a contratação, não houve a prestação de serviços e, mais importante, não houve os pagamentos de R$ 300 mil a essas empresas", diz o advogado da refinaria.
Essa versão é diferente da apresentada pelo parente do senador. Questionado pela PF, o advogado José Almeida Júnior confirmou a emissão da nota fiscal, mas se recusou a informar a natureza dos serviços jurídicos prestados.
"A Refinaria de Petróleo Manguinhos S/A tem personalidade jurídica de empresa privada, motivo pelo qual me encontro impedido, por ora, de prestar as informações solicitadas (...) Se prestasse as informações solicitadas sem autorização do cliente, estaria incorrendo na infração disciplinar", disse Almeida Júnior, em manifestação que integra os autos.
Já o dono da Angular Formulários, Izaias Alves Pereira Junior, confirmou a emissão da nota fiscal para Manguinhos, mas alegou que "os serviços não foram prestados por falta de pagamento".