Painel
NATUZA NERY - painel@uol.com.br
Combustível novo
Articuladores do impeachment se concentrarão em irregularidades fiscais supostamente cometidas pelo governo neste ano para tentar acelerar o processo de deposição de Dilma Rousseff. O objetivo é fazer com que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceite já nos próximos dias a denúncia formal contra a petista, sem necessidade de recursos. Cunha tem dito que só irá deferir uma denúncia se os fatos relatados tiverem relação com o atual mandato.
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Ataque "Juntamos documentos mostrando que, em 2015, o governo continuou não repassando valores devidos ao Banco do Brasil para o pagamento do Plano Safra", diz o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP).
Sem parar O PSDB juntou ao pedido de impeachment de Helio Bicudo ata de audiência no Senado na qual Júlio Marcelo de Oliveira, procurador do Tribunal de Contas da União, diz que as chamadas pedaladas junto ao BNDES foram "agravadas" no segundo mandato de Dilma.
Conspiração Em outra frente, setores do PMDB apontam que um novo entendimento surgido esta semana no TCU também pode embasar novos pedidos de impeachment da presidente.
Será? Segundo ministros da corte, Dilma não poderia ter contingenciado gastos, como fez nos últimos meses, porque a nova meta de superavit primário –de 0,15% do PIB– que norteou esses cortes ainda não foi aprovada pelo Congresso.
Dobra a meta Alguns técnicos do TCU interpretam que a programação orçamentária feita pelo governo para este ano deveria perseguir a meta anterior, de 1,1% do PIB, até que a nova seja validada pelo Legislativo.
Pera lá Em sua defesa, o governo dirá que, em 2009, precisou mudar a meta do primário em abril, mas o Congresso só aprovou o novo número em setembro sem que o tribunal tivesse considerado a prática irregular.
Prisão "Quer dizer que se eu detecto em janeiro que tenho de mudar o superavit primário em razão de uma crise econômica e o Legislativo só aprova a meta em dezembro eu serei obrigado a trabalhar o ano todo no cenário errado?", indaga um integrante da equipe econômica, alegando incoerência na tese.
Até o fim Dirigentes tucanos dizem que, ainda que a articulação pelo impeachment de Dilma tenha êxito na Câmara, o PSDB não vai desistir de cassar também o vice Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral.
Sonho meu No calendário desejado pela cúpula do partido, as novas eleições para presidente da República aconteceriam em 2016, junto à disputa municipal.
Ponta do lápis Na conta dos que defendem o impeachment, a decisão sobre a abertura do pedido pode chegar ao plenário pouco depois do dia 15 de novembro.
Simbologia A ideia seria usar o dia da Proclamação da República para uma grande manifestação, lembrando a data em que Joaquim Barbosa mandou prender os condenados no mensalão.
No limite Mesmo que o processo de impeachment comece a andar na Câmara, o PC do B já tem pronto um mandado de segurança para apresentar ao STF questionando a eventual decisão do presidente da Câmara.
Muita calma O ministro Ricardo Berzoini (Governo) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conversaram na quinta-feira sobre o melhor momento para a votação dos vetos.
Nessa hora Acharam que seria melhor esperar "sedimentar" a reforma ministerial e que, apesar das promessas de quorum, manter a votação na semana que vem daria mais poder de chantagem à base aliada.
Pra já Além da manutenção dos vetos, o Planalto demonstra preocupação com o atraso na aprovação da DRU, uma flexibilização de gastos que ajudaria o governo a cumprir seus compromissos fiscais. A Fazenda precisa que o projeto, parado na Câmara, seja aprovado em 70 dias.
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CONTRAPONTO
"Só falta a presidente Dilma criar a Ventobrás para dar curso à proposta de estocar ventos e entregar a nova estatal à base aliada."
DO DEPUTADO ANTONIO IMBASSAHY (PSDB-BA), sobre a presidente ter mencionado a ausência de tecnologia para estocar vento.
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TIROTEIO
Mamãe eu quero
No começo da carreira, o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, estava ainda pouco familiarizado com os jargões da polícia. Ele não sabia, por exemplo, que, para se referir a delegados, os policiais diziam "Delta" –coincidentemente o nome de sua mãe.
Certo dia, em uma delegacia, um colega gritou para que todos pudessem ouvir que o chefe estava a caminho:
–Delta está chegando!
–Mamãe? Cadê? –reagiu Daiello.
A gargalhada foi geral.