Apesar da seca, cidades temem risco de dengue
Ovo do mosquito transmissor da doença pode resistir 2 anos sem água, diz especialista
Municípios que apresentaram altos índices de infestação de larvas do Aedes aegypti no início do ano temem um surto de dengue com a chegada dos períodos tradicionalmente mais chuvosos.
Na região, Ribeirão Preto, Jaboticabal e São Joaquim da Barra apresentaram risco de infestação de dengue segundo o último Liraa (Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti) divulgado pelo Ministério da Saúde.
Com a proximidade do verão, época em que o mosquito tem mais chance de se proliferar, as prefeituras ampliaram a ação preventiva.
Segundo o professor de infectologia Benedito Antônio Lopes da Fonseca, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, o mais importante é retirar entulhos e evitar possíveis criadouros.
De acordo com ele, o ovo do Aedes pode resistir até dois anos sem água. "Quando a água chega, ele pode eclodir na hora." É nesta fase que, segundo o professor, o combate é mais complicado. "Quando o mosquito está na fase alada ou em larva há pesticidas para o ar e para a água. Já o ovo é mais resistente", afirma Fonseca.
Por isso, em locais em que o Liraa apresentou altos índices há o risco de novas epidemias quando a chuva chegar. "Infelizmente, o poder público tem uma ação limitada. Há criadouros dentro das casas e não é em todas que a Vigilância consegue entrar", diz.
O problema é enfrentado em São Joaquim, onde um mutirão foi feito para visitar casas e checar focos.
"Infelizmente não acredito que nosso índice [Liraa] baixou, há ainda muitos focos na cidade", declara Helen Bragantin, coordenadora da divisão epidemiológica.
Em Ribeirão Preto, a equipe de Controle de Vetores realizou desde o início do ano mais de 280 mil visitas em casas para eliminar criadouros.
A cidade é a única das três que realizou um novo Liraa desde o índice divulgado em março --de 4,9, passou para 2, ainda assim acima do ideal.
O secretário da Saúde, Stenio Miranda, disse que há ainda preocupação em relação à chikungunya, doença "prima" da dengue transmitida pelo mesmo mosquito.
A equipe da Secretaria da Saúde recebeu treinamentos sobre como atender casos suspeitos da doença.
Em Jaboticabal, a prevenção também foi intensificada, segundo Maura Guedes Barreto, responsável pela Vigilância Epidemiológica.
A baixa quantidade de chuvas neste ano foi um dos fatores que, segundo especialistas, auxiliaram na redução dos casos de dengue.
Até setembro, os casos confirmados em Jaboticabal foram 52, ante 925 de 2013. Em Ribeirão Preto, foram 361 (13.105 no ano passado) e, em São Joaquim, 16, ante 869.