Nº de beneficiários do Bolsa Família cai mais na região
Queda vai na contramão dos índices registrados em São Paulo e no país; Franca apresentou maior redução no intervalo de um ano
O número de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família nas quatro cidades mais populosas da região de Ribeirão Preto caiu 12% em um ano.
A queda vai na contramão dos índices registrados no Estado de São Paulo e no Brasil --nos municípios paulistas a diminuição foi de 1%, enquanto que em todo o país houve aumento de 1%.
Em agosto de 2013, Ribeirão Preto, Franca, Araraquara e São Carlos tinham 28.030 famílias beneficiadas, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social. Em agosto deste ano, eram 24.769.
No país, o número passou de 13,76 milhões, em agosto de 2013, para 13,96 milhões, no mesmo mês deste ano.
As maiores quedas foram registradas em Ribeirão Preto (15%) --que passou de 11.474 para 9.729 famílias--, e Franca (21%), que foi de 7.144, no ano passado, para 5.671, em 2014.
Gestores ligados à assistência social dizem que a diminuição é fruto da melhoria da renda dos beneficiados, obtida por cursos técnicos e de capacitação profissional.
A secretária da Assistência Social de Ribeirão, Maria Sodré, disse que o município tem aproveitado o Pronatec (programa de ensino técnico e profissionalizante), uma das bandeiras da presidente Dilma Rousseff (PT).
Os beneficiados pelo Bolsa Família também fazem cursos no Senai e Senac.
"A intenção é inserir essas pessoas no mercado de trabalho para que elas tenham uma autonomia financeira", afirmou a secretária.
Em Franca, além do Pronatec, a prefeitura mantém o programa "Ateliê da Família", que ensina pintura, bordado e artesanato, entre outras atividades.
"Observamos qual a mão de obra disponível e oferecemos cursos técnicos. As pessoas querem trabalhar", afirma Dalva Deodato Taveira, coordenadora administrativa da Secretaria da Ação Social. "É falso o pensamento da maioria das pessoas, que acha que quem recebe Bolsa Família não trabalha."
As gestoras de Ribeirão e Franca disseram que o não cumprimento de exigências do programa pode reduzir a quantidade de assistidos.
A professora de política social do curso de serviço social da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Franca, Patrícia Soraya Mustafa, diz que, apesar de algumas famílias terem deixado de receber o dinheiro, não significa que elas saíram da pobreza.
"Medir [a pobreza] por apenas um critério [renda] não é o correto", afirma. De acordo com ela, o governo deveria avaliar também outras variáveis, como condições de habitação, alimentação, escolaridade e saúde.
"Muitas vezes a pessoa deixa de receber o Bolsa Família porque passou R$ 10 ou R$ 15 do limite" --R$ 154 por pessoa. "Mas isso não significa que ela não continue precisando do dinheiro do programa", completa a docente.