Crise da água
Chuva eleva nível de reservatórios, mas não garante segurança hídrica
Longo período de seca faz com que o solo absorva a água da chuva em mananciais da região
Em ao menos seis cidades, entre elas Barretos, racionamento persiste e não tem previsão de suspensão
A chuva registrada nos primeiros cinco dias de novembro colaborou para elevar os níveis dos reservatórios da região de Ribeirão Preto, mas não foi suficiente para que os municípios decretassem o fim do racionamento de água.
De acordo com o Ciiagro (Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas), do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), Ribeirão registrou 33,3 milímetros de chuva nesses cinco dias.
A média histórica para esse período do mês é de 22,2 milímetros. Apesar de o registro ter sido maior, o longo período de estiagem deixou o solo dos mananciais extremamente exposto e seco.
Para que a água seja absorvida para os rios, as chuvas precisam antes encharcar o solo seco para que então ele consiga armazenar a água.
A fim de que a água penetre e não ocorra apenas a absorção superficial, é preciso um volume grande e a ocorrência contínua de chuvas.
Em ao menos cinco municípios da região, as prefeituras suspenderam o racionamento nesta semana --Bebedouro, Batatais, Casa Branca, Cravinhos e Santa Rita do Passa Quatro.
Apesar disso, os níveis dos reservatórios dessas localidades é monitorado diariamente, e o corte de água pode voltar a ocorrer até o final de semana, caso não chova.
Santa Rita, que racionava desde julho, recuperou 50 centímetros do nível da represa, que na semana passada estava no limite de bombeamento, com 20 centímetros de profundidade.
Em Batatais, a captação de água no córrego Cachoeira, que estava em 150 m³/hora na semana passada, aumentou para 200m³/hora nesta quarta-feira (5). O volume ainda é insuficiente para a cidade, considerando a média histórica de 260 m³/hora.
Em seis cidades --Américo Brasiliense, Barretos, Cristais Paulista, Jardinópolis, Tambaú e Morro Agudo--, o racionamento continua e não há previsão de suspensão, mesmo após a chuva.
Para Sílvio Brito, superintendente do departamento de água de Barretos, a chuva ajudou apenas a reduzir o calor e, com isso, o consumo excessivo de água.
"Para que nossos mananciais voltem a ter segurança hídrica, é preciso chover muito mais e de forma ininterrupta. Essa chuva dá apenas uma aliviada, é uma situação ilusória de recuperação", disse.
RECORDE
O rio Pardo atingiu somente 33 centímetros de profundidade nesta quarta-feira (5) em Ribeirão Preto, o menor nível desde o início da medição, em 1941.
"Essa chuva não faz diferença para um rio com essa dimensão. Além disso, a chuva não é escoada para o rio, vai direto para o solo que está muito seco", afirmou Carlos Alencastre, diretor do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica).