Início das obras de ampliação do Leite Lopes não tem data prevista
Processo para aumentar pista do aeroporto depende ainda de aprovação de um anteprojeto
Documento precisa ser aprovado pela Cetesb; favelas no entorno e falta de obras viárias também atrasam projeto
A novela sobre a internacionalização do aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, ganhou mais um capítulo: agora, não há mais data prevista para o início das obras de ampliação da pista.
A última previsão, dada em novembro após um acordo entre o Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) e a SAC (Secretaria de Aviação Civil), era de que elas teriam início até o final deste semestre.
Porém, em reunião na quarta (28), o ministro Eliseu Padilha (Aviação) afirmou a Duarte Nogueira, secretário estadual de Logística e Transportes, que aguarda a elaboração de um anteprojeto, ainda sem data para ser entregue.
O documento está sendo elaborado pelo consórcio formado pelas empresas IQS Engenharia e PJJ Malucelli, contratado pelo Banco do Brasil em novembro.
De acordo com a SAC, o anteprojeto aguarda parecer ambiental da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). Somente após a aprovação, o cronograma de obras será iniciado.
Em novembro, a pasta avisou que o documento ficaria pronto em 60 dias. Depois, em 30 dias, seriam publicados os editais de licitação.
Até o momento, no entanto, nada disso ocorreu.
O imbróglio existe desde julho de 2011, quando o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou as obras.
EMPURRA-EMPURRA
Há também um jogo de empurra entre os governos federal e estadual.
À Folha a SAC afirmou que, além do anteprojeto, as obras dependem também de desapropriações remanescentes e de obras viárias, que dependem do governo do Estado.
Há, ainda, outro problema: as favelas estão "renascendo" no entorno do aeroporto, o que pode colocar a ampliação em xeque.
Há pelo menos 200 barracos de alvenaria e até um bar no local, segundo Teresa Ditade Pereira, líder comunitária do Jardim Aeroporto.
A prefeitura e o Daesp divergem quanto à remoção dos novos invasores.
A administração diz que já realizou as desapropriações de sua responsabilidade. Já o Daesp alega que a responsabilidade pela conservação da área é da prefeitura e dos proprietários dos terrenos.
Se depender do Ministério Público, no entanto, as obras não deverão sair do papel.
O promotor da Habitação, Antonio Alberto Machado, defende a construção de um novo aeroporto. Entre outros motivos, ele alega que o local é inadequado para receber aviões cargueiros.
Machado deverá ter uma audiência com líderes do movimento Pró Novo Aeroporto na próxima segunda-feira (2).
O movimento reúne 150 famílias que moram no entorno do Leite Lopes e são contrárias às obras.