Após cirurgia, menina dá primeiros passos
Júlia Ferraz, 5, de Ribeirão Preto e que passou por operação em hospital nos EUA, ficou em pé pela primeira vez
Previsão é que ela tenha alta nesta quarta, apesar de permanecer nos EUA para intensas sessões de fisioterapia
"Pode esticar as pernas, filha. Vamos lá. Estica as perninhas e anda para o papai ficar feliz."
Foi após o pedido ansioso do pai que a menina Júlia Marchetti Ferraz, 5, ficou em pé pela primeira vez e deu seus primeiros passos no hospital americano em que está em tratamento, após ter sido submetida a uma cirurgia, na última sexta-feira (6).
Júlia, de Ribeirão Preto, não movimentava as pernas devido a uma paralisia cerebral. A família dela enfrentou uma desgastante briga judicial entre o final do ano passado e janeiro para que a União arcasse com os custos da operação, feita apenas nos Estados Unidos, para que ela pudesse movimentar as pernas.
Na segunda-feira (9), durante uma sessão de fisioterapia, Júlia andou pela primeira vez com o auxílio de sua mãe e uma profissional do hospital. A cena foi gravada pelo pai, o analista de sistemas Alexandre Ferraz, 42, horas antes de ele embarcar de volta ao Brasil.
"Ela ficou em pé e teve força nas pernas apenas quatro dias após a cirurgia. Aguardávamos por este momento há anos", afirmou Ferraz à reportagem da Folha.
A menina, segundo ele, está vibrando de alegria. Principalmente depois de ter conseguido rolar sozinha na cama, pela primeira vez.
"A Júlia não parava de rir quando percebeu que conseguia ter força para se movimentar sozinha na cama do hospital", conta o pai.
Conforme ele, os médicos do Saint Louis Children's Hospital que acompanharam a menina afirmaram à família que a recuperação de Júlia foi rápida e a previsão é de que ela tenha alta da internação nesta quarta-feira (11).
Depois, deverá permanecer nos EUA por mais 30 dias, para intensos tratamentos de fisioterapia. O objetivo, segundo o pai, é que ela ganhe força muscular nas pernas e consiga caminhar sozinha.
CASO
Em 21 de janeiro, o TRF (Tribunal Regional Federal) determinou que a União pagasse pela cirurgia de Júlia, que custou US$ 44,2 mil (cerca de R$ 115 mil).
A família procurou a Justiça porque o procedimento não é oferecido no país, de acordo com a Justiça Federal.
Durante o processo judicial, Júlia quase teve a cirurgia cancelada pelo hospital, que prorrogou a data de pagamento por duas vezes, pois o governo federal recorreu de todas as decisões favoráveis à criança.
O governo federal alegava que a operação poderia ser feita na Santa Casa ou no Hospital das Clínicas de Ribeirão.
Porém, laudo do próprio HC apontava que era necessário procedimento específico.