"Moonlight" ganha principais categorias do Oscar independente

FERNANDA EZABELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

"Moonlight - Sob a Luz do Luar", sobre a trajetória de um garoto negro numa periferia de Miami, ganhou as principais categorias da 32ª edição do Spirit Awards, premiação do cinema independente dos EUA, que aconteceu neste sábado (25) na praia de Santa Mônica, em Los Angeles.

Além de melhor filme e direção para Barry Jenkins, o longa ficou com melhor roteiro, fotografia, montagem e elenco. O Spirit Awards, que prestigia produções feitas com orçamento de até US$ 20 milhões, acontece na véspera do Oscar, no qual "Moonlight" também compete em oito categorias.

Nos últimos três anos, os vencedores de ambos os prêmios coincidiram: "Spotlight - Segredos Revelados" (2016), "Birdman" (2015) e "12 Anos de Escravidão" (2014). No entanto, o principal favorito do Oscar deste ano, "La La Land", não concorreu ao Spirit Awards por ter orçamento de US$ 30 milhões.

Feito com US$ 5 milhões, "Moonlight" conta a trajetória de Chiron, desde sua a infância traumática sendo perseguido na escola e atormentado pela mãe viciada em drogas até a idade adulta, passando pela adolescência em busca de sua identidade sexual. O personagem é vivido por três atores diferentes, Alex Hibbert, Ashton Sanders e Trevante Rhodes.

"Quero agradecer a todos que fizeram este filme. Muitas pessoas, e atores também, recusaram o roteiro porque disseram que prejudicaria suas carreiras", disse o roteirista Tarell Alvin McCraney.

O evento começou em tom político, mas logo amoleceu. Fora das câmeras, aos convidados apenas, o presidente da casa, Josh Welsh, agradeceu a presença da imprensa e dos artistas estrangeiros que vieram aos EUA mesmo correndo o risco de não entrarem.

"Num momento da história em que vocês [jornalistas] são chamados de inimigos do povo, é muito importante tê-los aqui do nosso lado", disse Welsh. "O cinema independente não tem fronteiras, é globalismo na sua melhor forma."

Os apresentadores Nick Kroll (da série "The League") e John Mulaney (roteirista de "Saturday Night Live") aliviaram o clima com piadas sobre banheiros para transgêneros e liberais radicais.

"Ei conservadores, nós não estamos numa bolha. Estamos numa tenda. Na praia. E se formos ainda mais para a esquerda, cairíamos no oceano Pacífico", disse Kroll. O Spirit Awards acontece em tendas montadas ao lado da praia de Santa Mônica, em Los Angeles.

BRASILEIRO GANHA

O longa de terror "A Bruxa", sobre uma família religiosa que encontra forças sobrenaturais na sua fazenda no século 17, ganhou os prêmios de melhor filme de estreia e roteiro de estreia. O filme foi produzido por Rodrigo Teixeira, primeiro brasileiro a ganhar um Spirit Awards.

"É o maior momento da minha carreira, nós produtores com persistência chegamos lá", disse Teixeira.

Já o brasileiro "Aquarius" perdeu o prêmio de melhor filme estrangeiro para a comédia alemã "Toni Erdmann", sobre o relacionamento entre pai e filha, ele um professor de música que gosta de fazer pegadinhas de gosto duvidoso, e ela uma alta executiva sem tempo para a família.

"O.J.: Made in America" venceu melhor documentário e, assim como "Toni Erdmann", é um dos favoritos para ficar também com o Oscar.

Isabelle Huppert, de "Elle", e Casey Affleck, de "Manchester à Beira Mar", receberam o prêmio de melhor atriz e ator, categorias que competem também no Oscar. Ben Foster, de "A Qualquer Custo", e Molly Shannon, de "Other People", dirigido por Chris Kelly, do "Saturday Night Live", ficaram com os prêmios de coadjuvantes.

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