Depois de 5 anos, Ney Matogrosso encerra turnê 'Atento aos Sinais'

Cantor ainda vê demanda forte após lançar o show em 2013 e gravar CD e DVD 

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Ney Matogrosso em show da turnê ‘Atento aos Sinais’, no Rio de Janeiro - JAYSON BRAGA
São Paulo

Ney Matogrosso faz neste sábado (3) o último show paulistano da turnê "Atento aos Sinais", que será encerrada após cinco anos. Ela começou em fevereiro de 2013, em Juiz de Fora (MG), para se tornar a mais extensa de sua carreira.

Em entrevista à Folha, Ney não consegue elaborar uma teoria para a longevidade desse ciclo de trabalho. "Não sei explicar, foi acontecendo. Quando tinha dois anos e pouco na estrada, achei que estava na hora de encerrar e chegamos a fazer uns shows de despedida. Sem avisar, mas já considerando a ideia."

Os convites para novas datas foram demovendo Ney da decisão. "Aquilo cresceu de novo. Fazia um show e aparecia proposta para outros dois. Quando fazia esses, apareciam mais quatro."

Ele considera ideal parar uma turnê ainda no auge, não deixar o entusiasmo do público cair. Por isso, costuma excursionar por dois anos, dois anos e meio. Mas ficou difícil estabelecer esse momento com essa turnê. "Existe ainda essa demanda, não nos esforçamos para isso."

A lógica do mercado fonográfico indica que lançar DVD de um show já é uma espécie de preparação para o encerramento de uma turnê. Mas Ney não segue a orientação.

"Eu sempre faço diferente, e registro todas as minhas turnês. Faço alguns shows e depois gravo o CD no estúdio. Assim chego mais seguro para esse trabalho. Em seguida, eu viajo com as apresentações por mais ou menos um ano, só então gravo e lanço o DVD no mercado, para depois continuar viajando."

O DVD de "Atento aos Sinais" já está nas lojas há três anos. Ney acredita que quem o assistiu ou viu o show há alguns anos pode notar diferenças na noite deste sábado (3).

"No começo era tudo marcado, uma coisa rígida no palco. Agora isso não existe mais. Eu entro para me divertir. Estou muito mais à vontade. Sem a marcação prévia, fico no palco mais ao sabor dos acontecimentos."

Quase não houve mudança de repertório. Ele tirou uma música do roteiro, que exigia uma troca de roupa a mais que considerava excessiva. E incluiu o samba "Ex-Amor", que gravou para o "Samba Book" de Martinho da Vila. "Eu achei que era boa para entrar, porque todo mundo conhecia", explica. Um momento de samba num show de caráter bem roqueiro.

Com o fim da turnê, no dia 31 de março, no Rio, Ney quer parar por pouco tempo. Ele nunca tira férias, sempre emenda uma coisa na outra e chegou a fazer dois shows em um mesmo período.

O cantor, porém, diz já ter um novo repertório bem adiantado, mas a seleção das músicas ainda não está fechada. "Eu sempre penso primeiro no show, no visual. Estou montando um roteiro de show. O disco de estúdio é consequência."

Para Ney, os primeiros shows são um teste para sentir se o público recebe bem o repertório. "Se eu vejo que uma música, por mais que eu goste dela, não atravessa pro lado do lá, eu tiro."

Aos 76 anos, a forma física de Ney impressiona no palco. Mas acha que talvez o próximo show exigirá menos. "Depois que vi 'Atento aos Sinais' pronto, eu me assustei. Só então percebi o quanto iria exigir de mim fisicamente. Mas aí era tarde. Inventei, vou ter que segurar, né?"

Apesar de receber muita música, ele às vezes pede a algumas pessoas queridas, como Rita Lee. Ainda não recorreu a nenhum amigo para o novo projeto. "Não estou preocupado em lançar músicas inéditas. Se tiver inéditas, será por acaso. O 'Atento aos Sinais' teve esse foco. O próximo disco não terá."

Depois de cantar repertório de Secos & Molhados com a Nação Zumbi no Rock in Rio do ano passado, gostou do projeto Primavera nos Dentes, do ex-Titã Charles Gavin, com músicas da banda mítica de Ney nos anos 1970.

"Secos & Molhados é referência que atravessa gerações. Converso com bandas novas e Secos & Molhados está sempre no panorama delas."

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