Descrição de chapéu

Phil Collins e Pretenders promovem viagem nostálgica em São Paulo

Mais de 40 mil pessoas lotaram neste sábado (24) o Allianz Parque para show do cantor.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O cantor britânico Phil Collins se apresenta no Allianz Parque
O cantor britânico Phil Collins se apresenta no Allianz Parque - Lucas Lima/UOL
São Paulo

O cantor Phil Collins e a banda Pretenders poderiam ter feito shows juntos no Brasil há 30 anos. Em 1988, estavam no auge de popularidade na cena do rock britânico e certamente a noite seria memorável. Tanto tempo depois, as mais de 40 mil pessoas que lotaram neste sábado (24) o Allianz Parque, em São Paulo, fizeram uma agradável viagem no tempo.

Não surpreende que as duas atrações não tenham o mesmo vigor de outrora, por motivos variados, mas seria muito difícil encontrar alguém nas saídas do estádio do Palmeiras que pudesse reclamar do dinheiro gasto no ingresso. A boa resposta da plateia nas duas apresentações foi inquestionável.

No caso de Collins, 67, há uma dose extra de comoção. Os fãs esperaram mais de 40 anos para vê-lo novamente no Brasil. Durante sua carreira solo, de inúmeros hits no país nos anos 1980 e 1990, o cantor nunca fez turnê na América do Sul. 

A única visita anterior dele no Brasil foi em 1977, com shows do Genesis, a banda gigante do rock progressivo que migrou naquela época para o som pop, justamente quando o antes apenas baterista Collins assumiu os vocais e passou a comandar a trupe.

Por isso, na plateia do Allianz, na qual era tarefa ingrata encontrar alguém com menos de 30 anos, os devotos mais velhos eram seu público ainda dos tempos do Genesis. 

Esses se sentiram presenteados com as três músicas da banda incluídas na apresentação: "Throwing It All Way", que ele cantou pela primeira vez em show na abertura da turnê brasileira no Maracanã, na última quinta (22), "Invisible Touch" e "Follow You Follow Me", esta acompanhada nos telões por imagens de bastidores dos integrantes do Genesis em várias fases da banda.

A emoção foi redobrada porque a primeira aparição de Collins no Brasil como estrela individual vem em hora ainda difícil para ele. Entrou no palco com apoio de uma bengala e cantou sentado diante de sua ótima banda. É possível notar que ele não domina completamente os movimentos da mão esquerda, sequela de uma década inteira de problemas neurológicos e musculares. 

Collins não perdeu o bom humor. Deu a esta turnê, depois de tantos problemas médicos, o título "Not Dead Yet" ("ainda não estou morto"). Brincou ao dizer que apenas dez pessoas na plateia devem ter comprado "Testify", seu último e fraco álbum de inéditas, de 2002.

Ele demonstrou algumas escolhas arriscadas no repertório, com canções menos badaladas. Mas, esperto, usou os hits nas horas certas. Abriu a sessão com dois sucessos planetários, “Against All Odds” e “Another Day in Paradise”, e encerrou o show com uma quadra de bombas dançantes: "Dance into the Light", "Invisible Touch", "Easy Lover" e "Sussudio". O bis foi modesto, apenas a boa canção "Take Me Home".

A força do repertório garantiu o encantamento do público. uma plateia paulistana madura, de gente que pontuou namoros com suas baladas impecáveis. Músicas que são munição certeira, que deixam o sucesso de novas turnês apenas na dependência das condições físicas do cantor.

Na abertura, o Pretenders fez um show longo, algo incomum nesses expedientes. Tocou por uma hora e cinco minutos, contra uma hora e meia do show de Collins na sequência. E nesse tempo Chrissie Hynde, 66, mostrou-se mais roqueira do que muita garota por aí.

Simpática, tocando guitarra muito bem e exibindo a mesma voz grave e sensual que é sua marca registrada desde a formação do Pretenders, no fim dos anos 1970, ela mesclou no setlist canções das duas fases distintas da banda.

No início, ela gravou com o Pretenders dois álbuns irretocáveis, na formação que trazia a seu lado Martin Chambers na bateria, James Honeyman-Scott (1956-1981) na guitarra e Pete Farndon (1951-1983) no baixo. O quarteto era uma soma de qualidades complementares, como a tendência punk de Hynde e o perfeccionismo pop de Honeyman-Scott, e isso tornava o som do grupo único.

Desses dois primeiros álbuns, o repertório no Allianz Parque teve pérolas como "Talk of the Town", "Message of Love", "Brass in Pocket" e o cover do Kinks, "Stop Your Sobbing".

Com as mortes do guitarrista e do baixista, ambas por overdose, Hynde assumiu sozinha o comando da banda. Embora Chambers continue até hoje na formação, o Pretenders se transformou basicamente numa empreitada solo da cantora e guitarrista. Mesmo sem repetir um álbum tão poderoso quanto os primeiros, ela conseguiu várias hits nos anos seguintes. Alguns foram responsáveis pelos momentos mais empolgantes do show: "Back on the Chain Gang", "I'll Stand By You" e "Middle of the Road".  

A dobradinha afinada de Colline e Hynde segue no Brasil com mais dois shows marcados: novamente no Allianz Parque, neste domingo (25), e no Beira-Rio, em Porto Alegres, na terça-feira (27).

PHIL COLLINS + PRETENDERS
AVALIAÇÃO   muito bom



OS REPERTÓRIOS

PHIL
COLLINS
1) "Against All Odds (Take a Look at Me Now)"
2) "Another Day in Paradise"
3) "I Missed Again"
4) "Hang in Long Enough"
5) "Wake Up Call"
6) "Throwing It All Away"
7) "Follow You Follow Me"
8) "Only You Know and I Know"
9) "Separate Lives"
10) "Something Happened on the Way to Heaven"
11) "In the Air Tonight"
12) "You Can't Hurry Love"
13) "Dance into the Light"
14) "Invisible Touch"
15) "Easy Lover"
16) "Sussudio"
17) "Take Me Home"

PRETENDERS
1) "Don't Cut Your Hair"
2) "Talk of the Town"
3) "Back on the Chain Gang"
4) "Private Life"
5) "Message of Love"
6) "Hymn to Her"
7) "Boots of Chinese Plastic"
8) "Stop Your Sobbing"
9) "I'll Stand By You"
10) "Forever Young"
11) "Night in My Veins"
12) "Brass in Pocket"
13) "Don't Get Me Wrong"
14) "Mistery Achievement"
15) "Middle of the Road"

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.