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Roteiro de 'Três Anúncios' rende drama agradável, mas não especial

Longa aborda questões como feminismo, ineficiência policial e poder da mídia

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Cena do filme 'Três Anúncios para um Crime'
Cena do filme "Três Anúncios para um Crime" - Divulgação
São Paulo

"Três Anúncios para um Crime" é, por um lado, quase uma antologia de temas atuais: coragem, feminismo, antirracismo. Como quase todos os filmes americanos do momento, aliás. Ao mesmo tempo, abarca questões quase eternas, como a ineficiência policial e o poder da mídia.

Por outro lado, nos leva a uma cidadezinha, e nem teremos tempo de ver quanto rolam tensões tão grandes quanto abafadas, sob a habitual capa de cidade feliz etc.. Isso é o que, com muito bom senso, busca evitar o roteiro de Martin McDonagh (também diretor) desde o início.

Talvez por isso a ação se situe no Missouri, cuja tradição não é de camuflar ódios, pelo contrário: eles são, não raro, explícitos e sanguinários.

Seu objetivo é agir por deslocamentos. De início, Mildred Hayes (Frances  McDormand) para numa estrada deserta e observa as cascas de outdoors vazias que existem ali. Uma bela e desolada imagem, diga-se. Tão desolada quanto a própria Mildred, cuja filha foi estuprada e morta.

Ela decide então instalar três anúncios naqueles outdoors, chamando a atenção para a ineficiência da polícia e, em especial, do xerife Willoughby (Woody Harrelson).

A mulher mostra agudo senso de marketing, pois raramente alguém transita por aquela estrada desativada, mas os poucos que o fazem tratam de espalhar a notícia.

Eis o xerife pressionado. Willoughby, diga-se, foge à tradição e não é má pessoa. Mas, sim, é pelo menos conivente com certos policiais brucutus, com certo desleixo "cultural", por assim dizer (contra negros, mulheres...).

Notamos, então, que, embora os conflitos sejam bem explícitos, segredos continuam a vigorar ali. E é em torno deles que se desenrolará o restante da trama.

Se há um mérito no roteiro, consiste em evitar certos clichês ao desenvolver uma trama tradicional, à qual acrescenta a ideia bem original de apelo aos anúncios na estrada como modo de romper o cômodo silêncio da cidade em torno do crime.

A isso se acrescenta um aspecto muito físico: existe força na sintética observação da cidadezinha e seus problemas. A atmosfera parece vir em boa medida da relação entre personagens e cenários, assim como da fotografia de Ben Davis, que puxa as cores sem deixar de ser seca.

Impossível, por fim, não mencionar a boa direção de atores. E como à frente do elenco estão atores excelentes, como McDormand e Harrelson, metade do caminho está andado. No conjunto , resulta num drama agradável, embora não especial.

 

Três Anúncios para um Crime 

Direção Martin McDonagh 
Elenco Frances McDormand, Woody Harrelson, Sam Rockwell 
Produção Reino Unido/EUA, 2017, 16 anos 
Quando estreia nesta quinta (15)
Veja salas e horários de exibição 
Avaliação bom

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