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Antonio Cicero fará defesa do cânone literário em posse hoje na ABL

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O filósofo e escritor Antonio Cicero em sua casa no Rio
O filósofo e escritor Antonio Cicero em sua casa no Rio - Zô Guimarães/Folhapress
São Paulo

O discurso de Antonio Cicero, que, na noite desta sexta (16), toma posse na ABL (Academia Brasileira de Letras), será uma defesa da existência de um cânone literário —uma resposta, pelo visto, a segmentos da crítica que tentam relativizá-lo.

“Acho que isso vem do início do século 20, com movimentos de vanguarda como o Dadaísmo”, diz.

“Em compensação, movimentos de vanguarda posteriores, como o nosso Concretismo, afirmavam a importância de se reconhecer um ‘paideuma’ isto é, no fundo, de se reconhecer um cânone. A existência do cânone não impede a valorização da inovação.”

Filósofo de formação e poeta, Cicero é o segundo intelectual que também tem uma carreira como compositor a ser eleito recentemente para a Casa de Machado  —em outubro de 2016, havia sido a vez de Geraldinho Carneiro.

Cicero escreveu a letra de grandes hits da MPB, como “O Último Romântico”, gravada por Lulu Santos, e “Fullgás”, em parceria com sua irmã Marina Lima. Como já disseram, deve ser o único filósofo cuja obra toca no rádio.

Questionado se sua eleição significa um reconhecimento maior da canção popular como um gênero literário, ele diz:

“Tomara que sim. Afinal, a verdade é que, já há algum tempo, os poemas de alguns dos nossos maiores poetas, como Caetano Veloso e Chico Buarque, têm a forma de canções.”

Apesar de seu trabalho intelectual e formação acadêmica rigorosos, sua posse traz à Academia um escritor que circulava em grupos que, nos anos 1970, se opunham a instituições como a ABL ou à hierarquia da vida universitária, vistas como caretas.

Cicero esteve próximo dos tropicalistas e já falou, em um ensaio publicado em “A Poesia e a Crítica” (Companhia das Letras), seu último livro, que as conversas com Caetano em Londres, foram importantes para sua formação intelectual.

De todo modo, apesar de andar com o grupo, ele diz no mesmo ensaio nunca ter se definido como contracultural.

“Desde cedo, conheci e admirei amigos de meu pai que acabaram fazer parte da ABL, como Celso Furtado e Helio Jaguaribe, de modo que não tinha esse preconceito”, diz Cicero. “Além disso, é importante que haja uma instituição que tenha por fim primeiro cultivas a língua e a literatura do Brasil.”

Eleição

Cicero vai substituir Eduardo Portella, morto em maio do ano passado, na cadeira 27, cujo fundados é Joaquim Nabuco. Ele conseguiu se eleger na terceira tentativa, com o apoio da ala dos escritores na Casa de Machado (que tem ainda juristas, políticos, jornalistas etc.).

O autor estreou na poesia em 1996, com “Guardar”, e desde então publicou ainda livros como “A Cidade e os Livros” (2002) e “Porventura” (2012).

No fim de 2016, quando fez 70 anos, ganhou um tributo do músico Arthur Nogueira, que gravou um álbum só com suas composições.

No momento, Cicero trabalha em um novo livro de filosofia, na qual pretende desenvolver a teoria da modernidade já exposta em “O Mundo Desde o Fim”, lançado pela extinta editora e livraria Francisco Alves, em 1995.

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