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Moda

Embalagem moderna revitaliza imagem de grifes consagradas

Em Paris, estilistas revisitam a essência de Nina Ricci, Paco Rabanne e Issey Miyake sem o ranço do passado

Pedro Diniz
Paris

Issey Miyake

NINA RICCI

PaCO RABANNE

Quase todo mundo, em especial no Brasil, que conhece os nomes de Nina Ricci, Paco Rabanne e Issey Miyake, os conhece pelas idas ao free shop. Mas, além dos frascos dos perfumes, há um mundo de tecidos que, se não definem os rumos da moda, ao menos sintetizam a essência dos fundadores das marcas em embalagem moderninha.

Concentradas no meio da programação da semana de moda de Paris, as três grifes mostraram versões da moda criada em diferentes épocas.

À frente da Nina Ricci, casa fundada pela italiana Maria Adelaide Nielli (1883-1970), Guillaume Henry rejuvenesceu a imagem da grife ao adotar uma linha de pensamento mais diversa, com híbrido de silhuetas inspiradas nos 1930 a 1950, quando a marca explodiu no círculo da alta-costura francesa.

Não há o ranço do passado que costuma rondar as grifes centenárias. Henry aposta em materiais com reflexos, maxitricôs e vestidos do tipo robe para compor um outono-inverno 2018-2019 elegante.

Capas com aviamentos de inspiração militar e cores contrastantes, características da moda criada por Madame Ricci, são implementadas na coleção relaxada do estilista.

De braços abertos com o estilo espacial dos 1960, mas com pé no visual urbano dos 1990, o estilista Julien Dossena criou na passarela da Paco Rabanne roupas práticas com viés noturno. O brilho metalizado está em peças construídas com pontos de luz nos brocados e paetês costurados em base de tecido transparente.

Em um dos looks, uma blusa de cashmere foi combinada a uma saia com paetês gigantes. É esse balanço entre o simples e o rebuscado que norteia o trabalho de Dossena, que leva a Paco Rabanne a um visual de uniforme, mas atento aos desejos das ruas.

Enquanto os colegas trabalham na imagem de francesa descolada, o japonês Yoshiyuki Miyamae continua peregrinação pelos limites do plissado criado por Issey Miyake.

O diretor criativo da marca desenvolveu suas técnicas de prensagem para construir casacos em espiral, tingidos de cores opostas, como o azul e o amarelo, cujo efeito óptico é a cara da marca fundada por um dos mestres do movimento japonista dos anos 1980.

A "energia silenciosa", como Miyamae chamou a coleção, consiste em experiências de modelagem que balançam enquanto se caminha. Calças de alfaiataria mescladas a peças assimétricas limpavam os olhos da plateia, que via dezenas de nervuras e linhas sinuosas saltarem dos corpos dos manequins.

Boa parte das peças da Issey Miyake, e as da Paco Rabanne e Nina Ricci também, não chegarão aos brasileiros. Mas vale pelo show.

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