Descrição de chapéu Lollapalooza

The National toca repertório criado em retiro

Pela terceira vez no país, quinteto mostra 'Sleep Well Beast', composto em meio à natureza

Marco Aurélio Canônico
Rio de Janeiro

É uma história recorrente entre bandas: após uma década de incessantes lançamentos e turnês, na qual ascenderam de quinteto cool do Brooklyn a estrelas de grandes festivais, os americanos do National cansaram.

O aclamado "Trouble Will Find Me" (2013) ratificou o reconhecimento de crítica e público, mas esgotou a banda física e artisticamente, levando-a a um período sabático.

"Todo mundo estava cansado de turnês. Sentimos que precisávamos de uma nova atmosfera e, em seis meses, deixamos o Brooklyn e estávamos espalhados pelo mundo", diz Matt Berninger, 47, vocalista do National, em entrevista por telefone.

Integrantes da banda The National em meio a floresta
The National, atração do Lollapalooza - Graham MacIndoe

O grupo que volta ao Brasil (tocou aqui em 2008 e 2011), para se apresentar no Lollapalooza, neste sábado (24) às 18h20, traz consigo a obra nascida dessa pausa: "Sleep Well Beast" (2017).

Sétimo disco do National —formado pelos gêmeos guitarristas Bryce e Aaron Dessner, pelos irmãos Scott (baixo) e Bryan Devendorf (bateria) e por Berninger—, ele é fruto do que o vocalista descreve como "um processo saudável de criação".

"Não nos encontrávamos com frequência, mas, quando o fazíamos, era como um acampamento. Trabalhávamos dia e noite, nos divertíamos, esse disco é muito mais colaborativo por causa disso."

As gravações foram finalizadas no novo estúdio que Aaron Dessner construiu numa zona interiorana dos Estados Unidos. A influência do lugar foi tamanha que a banda decidiu colocar uma foto dele na capa de "Sleep Well Beast".

"Foi um catalisador para a 'vibe' do disco. Estávamos na natureza, com um lindo lago, sem distrações", diz Berninger. "O lugar teve efeito imenso em nosso relacionamento."

A composição do disco também foi influenciada pela política: o National havia feito campanha para Barack Obama e para Hillary Clinton, e a viu perder a presidência dos EUA para Donald Trump.

"Estávamos criando um álbum que tinha uma perspectiva de mundo. Quando Trump ganhou, ele parecia obsoleto."

Canções como "The System Only Dreams in Total Darkness" tiveram suas letras refeitas do zero, segundo Berninger, e outras foram criadas, como "Turtleneck". Uma parte do material que já existia foi arquivado.

A sonoridade também mudou, diz o vocalista. "Estávamos fazendo muitas 'jams', fumando maconha e experimentando com guitarras. Depois que Trump ganhou, não parecia mais tão apropriado."

O som resultante dessas interferências difere do que a banda mostrou nos últimos trabalhos —com mais eletrônica, mais guitarras em evidência— e deu a "Sleep Well Beast" o Grammy de melhor álbum de música alternativa.

O repertório da atual turnê, definido por Aaron Dessner, privilegia as canções mais recentes, mas inclui também uma mistura de velhas preferidas dos fãs.

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