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'Auto de Resistência' dá rosto a mortos por policiais no Rio

Documentário está em competição no festival É Tudo Verdade

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Cena de "Auto de Resistência", de Natasha Neri e Lula Carvalho (É Tudo Verdade 2018)
Cena do documentário 'Auto de Resistência', de Natasha Neri e Lula Carvalho - Divulgação
 
Marco Aurélio Canônico
Rio de Janeiro

auto de resistência

  • Quando Em SP, hoje (13), no IMS, às 19h e 21h15; qui. (19), às 15h no Sesc 24 de Maio. No Rio, dom. (15), às 20h30, no Estação Net Botafogo, e ter. (17), às 16h, no IMS
  • Produção Brasil, 2018; 16 anos
  • Direção Natasha Neri e Lula Carvalho

Veja salas e horários de exibição.

 

"Entre 2002 e 2010, nós tivemos cerca de 10 mil mortes de autos de resistência no Rio de Janeiro. São números espantosos. Nenhum país do mundo tem os números de um único subúrbio do Rio."

A fala do professor Michel Misse, especialista em segurança pública, dá uma dimensão do problema de que trata o documentário "Auto de Resistência", de Natasha Neri e Lula Carvalho, que está em competição no festival É Tudo Verdade.

O título se refere às mortes cometidas por policiais: no Rio, segundo a narrativa oficial, eles nunca matam inocentes; todo mundo que morre é enquadrado no infame "auto de resistência" —ou seja, é considerado um criminoso que atirou contra os agentes do Estado.

A falácia desse argumento fica evidente na própria magnitude dos números —de 2010 até hoje, os assassinatos por policiais continuaram subindo, chegando a um recorde histórico em janeiro deste ano, quando a PM matou cinco pessoas por dia.

Mas números não têm rosto, e o longa cumpre este papel fundamental, aproximando o espectador da tragédia por meio de suas vítimas.

É uma jornada dilacerante acompanhar as famílias dos mortos (jovens, negros) desde o momento seguinte aos crimes, passando pelos enterros e chegando ao julgamento dos policiais acusados —onde, como diz uma das mães, a tentativa de imputar a culpa à vítima equivale a um novo assassinato.

Como se dedica, acertadamente, às histórias dos mortos, o longa não se aprofunda muito na raízes do problema.

Tangencia o tema ao mostrar cenas da CPI dos Autos de Resistência instalada pela Assembleia Legislativa do Rio, onde o deputado Marcelo Freixo, citando depoimentos de policiais, fala em um "estímulo à letalidade".

O deputado estadual Paulo Ramos resume bem: "A questão é a política de segurança pública do Rio de Janeiro, que, há anos, se baseia na lógica da guerra. Enquanto ela for preservada, não tem solução".

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