Desde maio de 2017, quando O Rappa anunciou uma parada, uma angústia ronda os fãs. Acabou? Pausa criativa? O que está acontecendo?
Todas essas dúvidas e uma vontade incansável —e impossível— de ir a todos os shows movimentaram o grupo de WhatsApp que criamos na família. Um micro fã-clube, o Plugado no Peito, como na letra de "Auto-Reverse".
Por ali combinamos datas e locais, trocamos fotos e vídeos dos shows. E agora, esse grupo também ficará parado?
Independentemente dos motivos para o hiato, show do Rappa é revigorante. Como?
Basta começar o coro de "O Rappa, O Rappa" que antecede a entrada da banda e tudo some: o cansaço de ter ficado horas em pé, a falta de ar provocada pelo aperto da pista lotada, o nervoso de ter um grandalhão bem na sua frente impedindo a visão. A energia boa domina.
Letras críticas e de apelo social se fundem às mais pops e são entoadas entre coreografias de mãos e saltos. Ninguém fica parado.
Tem show que demora a começar. Mas a parcela do público que se irrita e vaia para pressionar a entrada da banda não pode reclamar do resultado. Fã do Rappa representa. Canta, dança, interage, faz bonito.
Em meio a declarações e especulações sobre desgaste e projetos pessoais, uma esperança veio horas antes dos últimos shows, no Rio.
"Bota na cabeça, é [despedida] da turnê. Um ano e meio depois a gente se esbarra de novo, se Deus quiser", disse Falcão em rede social.
Mas a divisão da banda é nítida. E horas após o último show, um comunicado assinado por Lauro, Lobato e Xandão não deixa dúvidas: "Neste momento, não existe nenhuma possibilidade de retorno aos palcos".
O trio diz ainda que nunca compactuou com os atrasos constantes, que chamaram de desrespeito.
As últimas apresentações tiveram tom de despedida: a abertura com retrospectiva, vídeo de Ricardo Boechat dizendo que "O Rappa não está partindo, está apenas virando luz", a falta de interação entre integrantes no palco e um "muito obrigado pra sempre" disparado ao final.
Perdemos as contas de quantos shows vimos. Nos divertimos, assim como toda a família O Rappa. Desejamos aos músicos que também se divirtam em seus projetos. E que reapareçam logo.
Enquanto isso, o mar de gente tem a mais absoluta certeza: valeu a pena.
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