Em sua primeira obra ficcional, "Dublinenses", o irlandês James Joyce relata de forma realista e cronológica a vida de seus compatriotas na virada do século 19 em contos que antecipam temas e ambientes que marcariam obras-primas como "Ulisses".
O nono volume da Coleção Folha Inglês com Clássicos da Literatura apresenta 2 dos 15 contos de "Dublinenses": "Contrapartida" e "Uma Mãe".
A edição, que chega às bancas no próximo domingo (3/6), traz histórias em versão bilíngue, com textos lado a lado em cada idioma, o que possibilita ao estudante de língua inglesa comparar rapidamente o original e a tradução.
O volume dá acesso a uma plataforma digital, com versões em PDF e em áudio das tramas de um dos mais inventivos escritores da história.
"Contrapartida" e "Uma Mãe" abordam o derrotismo, o alcoolismo e o uso da violência ante conflitos e frustrações, entre outros assuntos.
Segundo Irineu Franco Perpetuo, jornalista e tradutor desta coleção, "Dublinenses" talvez seja a introdução ideal à obra de Joyce (1882-1941).
"Sua linguagem não tem o radicalismo experimental de obras-primas como 'Ulisses' e 'Finnegans Wake', que inicialmente pode intimidar tanto o leitor não iniciado como o estudante de língua inglesa."
Para ele, os contos —"pequenas joias"— funcionam isoladamente e introduzem a temáticas e ambientes que o autor explorará mais adiante.
Escritos a partir de 1904 e publicados em 1914, os textos de "Dublinenses" revelam de forma realista o cotidiano dos habitantes de Dublin, bem como os costumes e moral vigentes na Irlanda, e que acaba refletindo a virada do século 19, pré-Primeira Guerra.
O livro é dividido em quatro temas: infância, adolescência, vida madura e vida pública. Nos contos apresentados neste volume da coleção, o leitor é instado a refletir acerca da vida madura e das expectativas não correspondidas.
A trama dos contos pode ser vista como uma série de variações sobre temas irlandeses: o catolicismo, o alcoolismo, a violência e o autoritarismo nas famílias.
O conto que abre a edição, "Contrapartida", trata da relação do Sr. Farrington com seu trabalho, do uso do álcool como válvula de escape e da insatisfação com tudo que o cerca, a exemplo de sua família.
Já "Uma Mãe" narra a história da Srª Kearney, mãe da pianista Kathleen, que compensa frustrações amorosas em sua função materna. A trama gira em torno de quatro concertos da filha. Mas as coisas não saem conforme o planejado, e ela luta para ser respeitada.
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