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Elza Soares evoca Martin Luther King e Cazuza em show político na Virada

Show no centro seguiu o roteiro do espetáculo "A Voz e a Máquina"

Amanda Nogueira
São Paulo

Elza Soares prometeu um show apoteótico na Virada Cultural, e entregou uma apresentação engajada durante a madrugada deste domingo (20), em São Paulo.

Com remixes e clima de ato político, a cantora clamou contra repressão de governantes, violência doméstica, racismo e homofobia, exibindo um repertório que incluiu clássicos de Cazuza e discurso histórico de Martin Luther King. 

O roteiro foi o do espetáculo “A Voz e a Máquina”, articulado com os DJs Ricardo Muralha e Bruno Queiroz e o guitarrista Caesar Barbosa, contrariando a expectativa de que ela apresentasse canções de seu novo álbum, “Deus é Mulher”, lançado na sexta (18).

Depois de animar o público de uma praça da República lotada —a Polícia Militar presente no local não estimou o público— com remixes de sambas de Zeca Pagodinho (“Hoje é Dia de Festa”) e Luiz Melodia (“Fadas”), Elza emprestou de Cazuza as letras contundentes de “Milagres” e “O Tempo Não Para”. 

Em uma sequência calorosa na noite fria, entoou a resistência em “Opinião”, de Zé Keti, em uma dobradinha com o famoso discurso de Martin Luther King, “I Have a Dream”, abafado por problemas no som do telão.

Acompanhada da guitarra distorcida de Barbosa, foi ovacionada ao cantar “Não Recomendado”, de Caio Prado, à frente de um telão que mostrava dizeres como “não à cura gay” e “não ao preconceito”, além de manchetes de crimes cometidos contra a comunidade LGBT.

"Não à homofobia, não à cura gay, não à violência doméstica. Não há cura para o que não é  doença", disse.

O telão, aliás, era a grande preocupação da cantora antes do show. Segundo seu empresário, Pedro Loureiro, a Secretaria Municipal de Cultura havia vetado o recurso sob o argumento de falta de verba, mas voltou atrás às vésperas do evento.

O discurso engajado permaneceu até o fim da apresentação, arrematada com as faixas “A Mulher do Fim do Mundo” e “Maria da Vila Matilde” (no bis), do álbum “A Mulher do Fim do Mundo”, que consolidou a cantora de 87 anos como uma ativista e a sintonizou com debates contemporâneos.

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