Descrição de chapéu

Sequência do infantil 'Gnomeu e Julieta' monta salada literária descontraída

Casal de anões de jardim enfrenta os desgastes do relacionamento no novo longa

Marina Galeano

Gnomeu e Julieta – O Mistério do Jardim (Sherlock Gnomes)

  • Preço Estreia na quinta (31)
  • Classificação Livre
  • Elenco Johnny Depp, James McAvoy, Emily Blunt (vozes)
  • Produção EUA, 2018
  • Direção John Stevenson

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O nome infeliz não ajuda nada: “Gnomeu e Julieta – O Mistério do Jardim”. Aquele tipo de animação que te faz torcer o nariz e pensar duas (três, quatro...) vezes antes de entrar na fila da bilheteria.

Mas é justamente essa baixa expectativa que pode surpreender os espectadores no final da sessão —em especial os que, até então, não haviam sido apresentados às simpáticas criaturas do primeiro filme, lançado sem muito alarde em 2011.

Sete anos atrás, uma das histórias mais famosas de todos os tempos ganhou uma versão inusitada e moderninha, estrelada por anões de jardim.

De um lado, os vermelhos, do outro, os azuis. No meio das duas famílias inimigas, um casal apaixonado, que, devido à força das circunstâncias, teve um destino bem menos trágico do que o escrito por William Shakespeare.

Apesar do desfecho romântico, nem tudo são flores na vida de um inseguro Gnomeu e de uma empoderada Julieta.

Já devidamente casados e atarefados com a nova morada, os dois, agora, enfrentam os desgastes de qualquer relacionamento. Entre rusgas e DRs, ainda precisam descobrir o que está por trás do sumiço de seus companheiros.

Eis o gancho para a chegada de outro personagem lendário da literatura mundial, criado pelo britânico Arthur Conan Doyle. Com o caro Watson a tiracolo, Sherlock Holmes, o mestre da investigação dedutiva, também ganha uma versão em miniatura, incumbida de proteger os enfeites de jardim.

Sherlock Gnomes —título original da animação assinada por John Stevenson, o mesmo diretor de "Kung Fu Panda" (2008)— expande o universo dos gnomos para além dos limites do quintal e preserva as melhores características do longa anterior.

À procura dos anõezinhos perdidos, o quarteto desbrava os perigos e as paisagens emblemáticas de Londres, sempre conduzido por um texto repleto de piadas espirituosas, boas sacadas, uma trilha sonora recheada de hits antigos (a maioria de autoria de Elton John, produtor executivo do filme) e um capricho técnico que cativa os sentidos.

Atenta às sutilezas, a composição dos bonecos é comicamente realista —dos descascados nos gnomos velhos ao barulhinho da porcelana tocando o chão. A novidade são as incursões à consciência de Sherlock, representadas por desenhos “old school” em preto e branco.

Quanto à narrativa em si, as viradas um tanto previsíveis e um vilão sem motivações convincentes pesam contra, mas não a ponto de estragarem o paralelo divertido traçado entre as relações do casal de gnomos e de Sherlock Gnomes e Watson.

Uma história limitada que, se não faz de “Gnomeu e Julieta – O Mistério do Jardim” uma animação marcante, é o suficiente para transformá-la numa salada literária descontraída, capaz de entreter os adultos e apresentar à criançada alguns dos personagens mais conhecidos do mundo.

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