Com elenco desnudo, espetáculo de dança investiga o corpo e a imagem do homem

Espetáculo '[H3O]mens' estreia nesta sexta (8) para apresentações até segunda em São Paulo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Katia Calsavara
São Paulo

O que é ser homem? Como ele se sente diante de outro? No espetáculo "[H3O]mens", a ideia do diretor Carlos Canhameiro, da Cia Les Commediens Tropicales, não é discutir gênero ou sexualidade, e sim investigar o corpo masculino.

Após excursionar pelo interior de São Paulo, o espetáculo estreia nesta sexta-feira (8) no Teatro Cacilda Becker para apresentações até domingo (10). E, na segunda-feira (11), estará no Teatro de Contêiner Mungunzá.

Em 2015, essas provocações foram feitas pelo diretor aos três artistas que, com ele, integram a Cia 4 Pra Nada, de Ribeirão Preto, no interior paulista: Rafael Levi, André D.O. e Rafael Bougleux.

"Desde o início eu sabia que esse trabalho seria feito com nu. Um detalhe de roupa ou de maquiagem muda a forma de enxergar um corpo", explica Canhameiro, que estreia seu primeiro trabalho em dança.

Para fazer parte da pesquisa, ele convidou as coreógrafas Morena Nascimento, Andreia Yonashiro e Maristela Estrela, com as quais já havia trabalhado, para refletir sobre outras duas questões: o que eu sou quando um homem está sobre mim e o que sinto quando vejo um homem?

"O Carlos queria ver o resultado de uma partitura trazida por três mulheres. A meu ver, a proposta é uma pérola porque reforça a necessidade de desmontar a ideia do que é ser homem hoje", afirma Morena, que foi integrante da Tanztheater Wuppertal, companhia da coreógrafa alemã de Pina Bausch (1940-2009).

Já Andrea conta que, em seu processo, gosta de ver o elenco dançar e intuir o que são capazes de ser e fazer.

"Eu busco investigar os diferentes tamanhos que um corpo pode ter. Quando alguém se torna pai, por exemplo, seu tamanho muda, ou, quando uma criança descobre uma brincadeira nova, ela expande."

Uma experiência instigante, segundo os atores-bailarinos. "A coreografia delas gera uma transformação em nossos corpos. Na tentativa de nos adaptar, às vezes fazemos movimentos mais grossos, de força excessiva, alguns até engraçados", diz Levi.

Para Maristela, a questão do nu também requer uma reflexão. "Depois de tanto constrangimento e repressão nas artes, acredito ainda mais na importância de se falar, tocar e experienciar o corpo em sua plenitude", diz.

Morena concorda: "Apesar da onda triste e autoritária que vivemos, não me sinto intimidada. A única saída é resistir".


[H3O]mens

Teatro Cacilda Becker, r. Tito, 295. Sex. (8) e sáb. (9), às 21h, dom. (10), às 19h. Grátis. Retirar ingressos uma hora antes das apresentações. Teatro de Contêiner Mungunzá, r. dos Gusmões, 43. Seg. (11), às 20h. Grátis. Retirar ingressos uma hora antes da sessão. 18 anos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.