Descrição de chapéu Cinema violência

Sem sutileza, 'Vingança' é tão ruim que fãs de trash movies devem adotá-lo

Longa de Coralie Fargeat é cópia descarada de 'Doce Vingança' (2010), clássico do cinema lixo

Thales de Menezes

Vingança

  • Quando Estreia nesta quinta (7)
  • Elenco Matilda Anna Ingrid Lutz, Kevin Janssens
  • Produção França, 2017
  • Direção Coralie Fargeat

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“Vingança” não é lá um título muito criativo. Mas não reside só nisso a falta de originalidade do filme francês que estreia agora no Brasil. É uma cópia descarada de um clássico do cinema lixo. Melhorzinho até, mas puro xerox.

O americano “Doce Vingança”, de 2010, é um exercício de perversão. Um pornô soft com pretensão de thriller. De baixíssimo orçamento, fez sucesso e rendeu duas continuações, bem piores.

Na trama, uma garota aluga uma cabana nas montanhas e é estuprada, torturada e deixada para morrer por homens da região. A moça não apenas sobrevive, milagrosamente, como parte para o revide, eliminando seus agressores com excesso de crueldade.

Com pequenas mudanças, “Vingança” tem o mesmo roteiro. Mas na primeira de inúmeras situações inverossímeis no enredo, ela escapa e, mesmo gravemente ferida, vai enfrentar os marmanjos.

Da noite para o dia, literalmente, ela se transforma. A pós-adolescente bobinha ganha visual e habilidades de uma Lara Croft turbinada. Por mais de uma hora de filme, ela protagoniza um violento e sangrento jogo de gato e rato com seus perseguidores.

Sangrento é uma definição insuficiente. A tela é tingida constantemente de vermelho, de um jeito que faria até Quentin Tarantino corar. Os realizadores devem acreditar que cada pessoa tem uns 20 litros de sangue no corpo.

É notável que o filme, dirigido por Coralie Fargeat, cineasta francesa em seu primeiro longa, tenha feito carreira em festivais, até no prestigiado Sundance. Se a diretora quis brincar com o exagero de violência, errou a mão e ficou perdida na falta de sutileza.

“Vingança” só não é um programa dispensável por duas razões. É tão ruim que fãs de trash movies devem adotá-lo. O espectador vai rir de trechos que deveriam ser dramáticos. A diversão é ver se há limites para o absurdo.

E o outro motivo para ver o filme é testemunhar um início de carreira promissor. Matilda Anna Ingrid Lutz não impressiona só pela quantidade de nomes que adota. A italiana é um dos novos rostos lindos do cinema, quase uma Jessica Alba adolescente. E, no meio do turbilhão de violência, consegue mostrar algum talento dramático.

Talvez sair de casa para pagar estacionamento, ingresso e pipoca seja muita coisa para “Vingança”. Mas é divertido para ver em casa, num dia de chuva.

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