Descrição de chapéu

'Todo Dia' traz originalidade ao filão dos romances adolescentes

Filme acompanha garota apaixonada por entidade que acorda dentro de pessoas diferentes

Marina Galeano
São Paulo

Todo Dia (Every Day)

  • Quando Estreia nesta quinta (26)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Angourie Rice, Justice Smith e Owen Teague
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Michael Sucsy

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Adaptado do best-seller de David Levithan, “Todo Dia” traz uma dose de originalidade para o filão dos romances adolescentes, ao partir de uma premissa, no mínimo, intrigante.

Demora um certo tempo até a plateia entender aonde o filme dirigido por Michael Sucsy pretende chegar. E é justamente o sentimento de curiosidade que ajuda a manter a atenção presa na tela.

À primeira vista, a história de Rhiannon não apresenta nada de extraordinário. Os mesmos dramas e os mesmos encantos que rodeiam a vida de qualquer garota de 16 anos.

Mas, quando ela se descobre apaixonada por A, seu mundo vira uma bagunça só. Isso porquê A nem sequer tem um nome ou um corpo próprio. Trata-se de uma entidade que cada dia acorda dentro de uma pessoa diferente.

Cena do longa 'Todo Dia'
Cena do longa 'Todo Dia' - Divulgação

Menino, menina, magro, gordo, baixo, alto, gay, hétero, branco, negro, oriental, depressivo, rebelde. O amor transmorfo de Rhiannon habita os mais diversos tipos de indivíduos, em um intervalo que dura, geralmente, 24 horas.

Não espere, porém, explicações científicas a respeito do fenômeno sobrenatural. Com alguns buracos, o roteiro deixa um monte de interrogação no ar e recorre a soluções pouco convincentes para tornar essa trama possível (é preciso se deixar levar). 

Também não dispõe de tempo suficiente para se aprofundar nas possibilidades que a fartura de personagens oferece. Os (re)encontros acontecem em ritmo acelerado, e às vezes fica difícil se envolver com o calvário da protagonista —honestamente interpretada pela jovem atriz australiana Angourie Rice.

Em compensação, o longa-metragem ganha pontos por suas intenções nobres. Ainda que de raspão, a narrativa acena para temáticas relevantes e atuais, como a diversidade sexual e questões ligadas à identidade de gênero. A personalidade do incorpóreo A está acima de todas as outras variáveis e é o que realmente mobiliza o sentimento de Rhiannon.

Pena que o desenlace desse amor improvável desperdice uma chance de ir além. Sugere-se uma ruptura dos padrões, que, no acender das luzes, não se rompem tanto assim.

Mesmo não aproveitando seu potencial arrojado, o romance teen “Todo Dia” consegue se distanciar da média e propor algo menos convencional a um público que já deve estar calejado de casais quadradinhos que vivem felizes para sempre.

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