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Adaptado do best-seller de David Levithan, “Todo Dia” traz uma dose de originalidade para o filão dos romances adolescentes, ao partir de uma premissa, no mínimo, intrigante.
Demora um certo tempo até a plateia entender aonde o filme dirigido por Michael Sucsy pretende chegar. E é justamente o sentimento de curiosidade que ajuda a manter a atenção presa na tela.
À primeira vista, a história de Rhiannon não apresenta nada de extraordinário. Os mesmos dramas e os mesmos encantos que rodeiam a vida de qualquer garota de 16 anos.
Mas, quando ela se descobre apaixonada por A, seu mundo vira uma bagunça só. Isso porquê A nem sequer tem um nome ou um corpo próprio. Trata-se de uma entidade que cada dia acorda dentro de uma pessoa diferente.
Menino, menina, magro, gordo, baixo, alto, gay, hétero, branco, negro, oriental, depressivo, rebelde. O amor transmorfo de Rhiannon habita os mais diversos tipos de indivíduos, em um intervalo que dura, geralmente, 24 horas.
Não espere, porém, explicações científicas a respeito do fenômeno sobrenatural. Com alguns buracos, o roteiro deixa um monte de interrogação no ar e recorre a soluções pouco convincentes para tornar essa trama possível (é preciso se deixar levar).
Também não dispõe de tempo suficiente para se aprofundar nas possibilidades que a fartura de personagens oferece. Os (re)encontros acontecem em ritmo acelerado, e às vezes fica difícil se envolver com o calvário da protagonista —honestamente interpretada pela jovem atriz australiana Angourie Rice.
Em compensação, o longa-metragem ganha pontos por suas intenções nobres. Ainda que de raspão, a narrativa acena para temáticas relevantes e atuais, como a diversidade sexual e questões ligadas à identidade de gênero. A personalidade do incorpóreo A está acima de todas as outras variáveis e é o que realmente mobiliza o sentimento de Rhiannon.
Pena que o desenlace desse amor improvável desperdice uma chance de ir além. Sugere-se uma ruptura dos padrões, que, no acender das luzes, não se rompem tanto assim.
Mesmo não aproveitando seu potencial arrojado, o romance teen “Todo Dia” consegue se distanciar da média e propor algo menos convencional a um público que já deve estar calejado de casais quadradinhos que vivem felizes para sempre.
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