Com altos e baixos, segunda temporada de Glow aprofunda relação entre lutadoras

Dez novos episódios da série já estão disponíveis na Netflix

A série "Glow" acaba de chegar à segunda temporada
A série "Glow" acaba de chegar à segunda temporada - AP
Teté Ribeiro
São Paulo

Glow

  • Onde Disponível na Netflix

Os dez episódios da segunda temporada de “Glow” (acrônimo para “gorgeous ladies of wrestling”, “lindas mulheres da luta-livre”) tinham um grande desafio pela frente.

Desta vez, sem a surpresa da primeira temporada, em que tudo parecia absurdo e era baseado em uma história real, os roteiristas enfrentariam um dilema. 

Ou seguiam o caminho da outra série produzida pela mesma Jenji Kohan, “Orange is the New Black”, e faziam as personagens secundárias terem mais protagonismo, ou se aprofundavam nas relações entre as principais, as lutadoras e rivais Ruth (Alison Brie) e Debbie (Betty Gilpin) e o diretor do programa, Sam (Marc Maron).

O show toma o segundo caminho, o que talvez não tenha sido a melhor opção. A amizade de Ruth, a aspirante a atriz cheia de ideias, e Sam, o diretor que acha que já viu tudo, não é sempre interessante. 

Ela é dedicada e carinhosa e dá várias sugestões a ele de como “amenizar a ansiedade coletiva” e fazer as lutadoras se sentirem ouvidas. Sam, sempre durão, acaba admitindo que não presta tanta atenção assim ao seu elenco e friamente diz a Ruth que todas são substituíveis, inclusive ela.

Debbie e Ruth, que já foram melhores amigas no passado e agora são rivais no ringue e na vida, competem por mais atuação nos bastidores. Debbie exige mais destaque e, sendo a única do elenco que já foi famosa um dia, tem poder de barganha. É promovida a produtora. No meio de um divórcio e na luta pela guarda do filho, ela afirma que sabe o seu valor e não vai “pedir desculpas a ninguém por isso”.

Mas o momento que mostra a diferença essencial entre uma e outra remete a episódios recentes de assédio sexual por figuras poderosas de Hollywood, especialmente o ex-produtor de cinema Harvey Weinstein, acusado por mais de 70 mulheres de assédio, agressão sexual e estupro.

Um executivo do canal de TV chama Ruth a seu quarto de hotel. Ela vai, acreditando que foi convocada para uma reunião, e descobre que o que ele quer é transar com ela. A atriz sai correndo e o deixa furioso, bem no momento em que o programa corre o risco de ser cancelado.

Quando Ruth conta o episódio a Debbie, ela chama a colega de burra e egoísta por ter ido embora sem deixar o executivo imaginando que ela estaria interessada em transar com ele, pelo menos para evitar o fim do show. “É assim que esse negócio funciona”, justifica Debbie. 

O resto do elenco, com mulheres de todas as formas e tipos, não é totalmente deixado de lado. E é entre as outras lutadoras que acontecem as tramas secundárias mais divertidas, incluindo uma algo escatológica entre Jenny (Ellen Wong) e Melrose (Jackie Tohn) que termina com um enema feito em casa. 

Também se desenrolam algumas tramas mais dramáticas, como a de Tammé, a “Welfare Queen” (“Rainha do Seguro-Desemprego”), uma lutadora negra e obesa. Ela tem um filho que estuda em Stanford, uma das universidades mais prestigiosas dos EUA, e esconde dele sua profissão. Mas o menino descobre e insiste em assistir a uma luta dela ao vivo. Envergonhada, a mãe deixa o confronto no meio e sai correndo do ringue.

Com altos e baixos, a temporada termina com um ótimo último episódio, em uma história engenhosa que deixa tudo preparado para uma terceira leva de capítulos que podem recuperar o frescor dos primeiros.

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