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'Tal Pai, Tal Filha' é comercial que mal se disfarça de comédia

Filme rodado em cruzeiro parece mais preocupado com as atrações do navio

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Kelsey Grammer e Kristen Bell em cena de ‘Tal Pai, Tal Filha’ - Divulgação

Tal Pai, Tal Filha

  • Onde Disponível na Netflix

Bem que a Netflix poderia criar, entre as várias categorias que utiliza para classificar todos os filmes em seu catálogo, como drama, comédia e documentário, mais uma categoria: jabá.

O cinema jabá é uma tendência que vem ganhando força nos últimos tempos. Esses filmes são, na verdade, peças publicitárias disfarçadas de empreendimentos artísticos, e a Netflix agora está repleta delas.

Quem viu os recentes "documentários" sobre a cantora Lady Gaga, o DJ Steve Aoki e o guru de autoajuda Tony Robbins já se familiarizou com o cinema jabá. São produções chapa branca, geralmente bancadas pelos próprios biografados.

Com "Tal Pai, Tal Filha", o cinema jabá chega à ficção.

O filme é um comercial de 98 minutos fantasiado de comédia romântica.

Passado quase inteiramente dentro de um cruzeiro marítimo, parece mais preocupado em mostrar o navio e suas atrações do que em criar uma história minimamente interessante ou engraçada.

A trama envolve uma chatíssima publicitária, Rachel (Kristen Bell), uma workaholic que não desgruda do celular nem mesmo na hora de seu casamento, e por isso mesmo é largada no altar pelo noivo. Sozinha, vive um affair com Jeff (Seth Rogen).

Para piorar, aparece no casamento o pai de Rachel, o chatíssimo Harry (Kelsey Grammer), que abandonou a filha ainda criança e sumiu por mais de 20 anos.

Por uma série de circunstâncias absurdas, Rachel e Harry acabam na suíte nupcial de um navio de luxo, presos num cruzeiro que ela deveria ter dividido com o noivo (que a essa altura deveria estar dando graças aos céus por ter se livrado dessa roubada).

Aí começa o tsunami de jabá: o navio é mostrado em detalhes, das suítes impecavelmente decoradas aos pratos deliciosos servidos em seus vários restaurantes, passando por atrações como uma piscina de ondas, um campo de minigolfe, vários túneis de água que terminam em piscinas imensas (numa delas você pode até nadar com peixinhos tropicais!), culminando num imenso teatro, onde Rachel e Harry vencem um concurso de caraoquê.

Tudo isso, claro, ilustrado por incontáveis aparições do logotipo da empresa de cruzeiros marítimos.

No meio de toda essa orgia publicitária, há um fiapo de história: Rachel e Harry começam o filme brigando, mas logo se reaproximam e descobrem que o perdão e o amor superam tudo.

Quer dizer, quase tudo, porque nada resiste a um roteiro ridículo, piadas manjadas e sequências dolorosamente piegas. Mantenha distância desse abacaxi.

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