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Exceto pelo fato de serem representadas pela mesma atriz, Amanda e Diana não têm nada em comum. A primeira só usa lingerie, é sedutora, dedicada e entende tudo de futebol. A segunda é uma profissional bem-sucedida, independente e segura de si.
Na comédia romântica “O Homem Perfeito”, Luana Piovani passa a régua no estereótipo da vizinha sensual que encarnou em “A Mulher Invisível” (2009) e retorna aos cinemas numa versão distante do rótulo de sex symbol que sempre a perseguiu.
Ok, Diana também é linda, mas esse atributo não a define. Dona de uma carreira de sucesso como ghost-writer de biografias de celebridades, a quarentona enxuta —tal qual sua intérprete— esbanja autoconfiança, inteligência e personalidade.
No campo afetivo, porém, as coisas vão mal e enroscam de vez quando a escritora leva um pé na bunda do marido acomodado (Marco Luque), que se apaixona por uma jovem bailarina de 23 anos (Juliana Paiva) e resolve sair de casa.
A partir daí, Diana não mede esforços para recuperar a atenção do ex. Depois de stalkear a rival nas redes sociais, ela cria um perfil fake na internet daquilo que seria o parceiro ideal, na tentativa de iludir a coitada da moça.
Enquanto se ocupa dessa indecorosa missão, a protagonista ainda precisa dar conta de escrever a biografia de Caíque (Sérgio Guizé) e reverter a péssima imagem de um roqueiro machista em decadência.
Pelo breve resumo, é possível perceber que o filme de Marcus Baldini —diretor de “Bruna Surfistinha” (2011) e “Uma Quase Dupla” (2018)— não tem coragem de se arriscar. Uma história simples, que se desenrola no lugar comum e antecipa seu desfecho apesar de algumas pistas falsas.
Mas, o grande contratempo é que, em diversos momentos, “O Homem Perfeito” parece não delinear direito seu público-alvo e, por isso, soa meio fora de tom: uma mulher madura e um monte de marmanjos (em divertidas performances, vale frisar) a serviço de uma narrativa quase adolescente.
Por outro lado, o longa ganha fôlego ao levantar, mesmo que de raspão e superficialmente, questões sobre machismo, empoderamento feminino, o impacto das redes sociais na vida das pessoas e nos relacionamentos. Segundo Baldini, é o que ele busca em cada trabalho: aliar entretenimento e reflexão.
Nesse caso, especificamente, faltou um pouco dos dois elementos.
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