Até “Farrapo Humano”, a quase totalidade das bebedeiras no cinema buscava o riso na plateia, com personagens trôpegos. O diretor de origem polonesa Billy Wilder decidiu corrigir a distorção sobre como o vício consome indivíduos.
O longa é apresentado ao leitor no 13º volume da Coleção Folha Grandes Diretores no Cinema, que chega às bancas em 21/10. Wilder, judeu que fugiu do nazismo, foi indicado 21 vezes ao Oscar nas funções de diretor, roteirista e produtor. Entrou para a história como mestre tanto do drama quanto da comédia.
No filme de 1945, um escritor alcoólatra passa o final de semana bebendo, roubando e dando golpes para conseguir manter o vício. O desempenho trágico de Ray Milland lhe rendeu um Oscar —“Farrapo Humano” venceu também as categorias de melhor filme, diretor e roteiro.
O longa de Wilder retratou o alcoolismo com tanta dramaticidade, relata o crítico da Folha e curador da Coleção, Cássio Starling Carlos, que um chefão da máfia tentou cancelar o lançamento do filme a fim de não afetar o comércio de bebidas.
“Devido à visão desencantada que Wilder tem da sórdida fragilidade humana, seus filmes foram chamados de cínicos, amargos e antissociais. Eu defenderia que eles simplesmente dizem a verdade acerca de aspectos desagradáveis do comportamento humano”, escreveu o professor e pesquisador Gerd Gemüden.
Wilder dirigiu diversos longas que narram o lado sombrio das almas humanas, entre eles “Crepúsculo dos Deuses”, de 1950, e “A Montanha dos Sete Abutres”, de 1951.
Tema de coleção, filme 'Farrapo Humano' mostra destruição pelo alcoolismo
O longa do diretor polonês Billy Wilder é apresentado no volume que chega às bancas em 21/10
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