Contíguos aos estúdios onde boa parte da série "Outlander" é gravada, nos arredores de Glasgow, maior cidade da Escócia, há galpões e salas que mais se parecem com museus de história da moda e da indústria bélica.
Em março, quando a quarta temporada estava sendo rodada —para estrear na semana passada no Brasil, na Fox Premium e no aplicativo da Fox—, dezenas de funcionários, com agulha e linha em mãos, faziam reparos em vestuários e acessórios que reconstituem peças abrangendo período entre os séculos 18 e 20.
Os figurinos de homens e mulheres ricos e também os de camponeses são uma das marcas da série, tendo sido indicados ao prêmio Emmy e repercutido não apenas em publicações de TV, mas também naquelas que são voltadas para o mundo fashion.
Numa outra sala do complexo cenográfico, havia ainda um arsenal de réplicas de armas, além de rifles, machados e espadas originais, pescados em lojas de antiguidade.
Assim, costurava-se a continuação da história da enfermeira Claire (Caitriona Balfe), iniciada na Segunda Guerra. Na primeira temporada, a trajetória da protagonista dessa aventura começa em um bosque, onde há uma pedra marcando o local de um antigo ritual de feiticeiras. A magia deixada naquele pedaço de chão faz com que pessoas, acidentalmente, viagem no tempo.
Dali, Claire é transportada para o ano de 1743, estopim de rebeliões que opõem o povo escocês e o governo britânico que havia deposto o rei James 2º, pouco antes da Revolução Industrial.
Inglesa, ela vai se aliar aos escoceses. Dará suporte aos feridos em batalha, aplicando o conhecimento que aprendeu no século 20, algo bastante avançado para a época.
Fazia um frio cortante nos estúdios, quando Balfe entrou esfregando as mãos para anunciar uma "nova dinâmica" na temporada que se iniciaria neste fim de ano.
"Apesar dos problemas, e eles existirão, haverá momentos de tranquilidade para o casal Jamie e Claire, algo que nunca havíamos visto com eles", comentou, trazendo para a conversa o nome do guerreiro (Sam Heughan) que faz par romântico com ela.
A temporada é marcada pela viagem que Jamie e Claire fazem para a América —ainda que tenha sido rodada na Escócia mesmo. O ano é 1760, eles vão construir um lar na Carolina do Norte. Vão conhecer problemas sociais como a escravatura e os anos que antecederam a Guerra de Independência dos EUA.
"Será a primeira vez que vemos Jamie e Claire atuando como uma família. Jamie nunca teve um lugar para chamar de seu e sabe que esta é a oportunidade de começar uma nova vida", conta Heughan.
Um dos principais conflitos de Claire, nesta temporada, será a convivência com escravocratas. "Há muitas coisas que são consideradas normais para a época e que ela não pode aceitar", diz Balfe. Sua personagem vai ter como antagonista Jocasta, familiar de Jamie que havia imigrado antes deles para os Estados Unidos, uma mulher rica, dona de terras e escravos negros.
A série estreou em 2014 e essa nova temporada tem 13 capítulos. Embora o primeiro episódio do primeiro ano apresente uma premissa aparentemente ingênua, o programa se desdobra em conflitos incomuns e boas atuações. Merece atenção.
Com Claire, Balfe, hoje aos 39 anos, ganhou o destaque que estava procurando após deixar sua carreira de modelo, o que aconteceu há pouco mais de dez anos. Uma carreira de sucesso: ela desfilou para Chanel, Moschino, Givenchy e Louis Vuitton, entre outras.
A série coloca em primeiro plano, aliás, a exploração da beleza estética, não só da protagonista, mas também de seu parceiro, da paisagem, da reconstrução de época.
Um dos primeiros papéis de Balfe foi uma ponta no filme "O Diabo Veste Prada", de 2006, espécie de prosseguimento de namoro com o mundo da moda. Ela também protagonizou clipes de bandas cult como Bonobo e Phoenix. No vídeo realizada para esta última, foi dirigida por Sofia Coppola.
O jornalista viajou a convite da Fox
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