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'Bird Box' se divide entre momentos fortes e outros que dão sono

Lançado na Netflix, filme consolida tendência de longas entrarem direto no streaming

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Bird Box

  • Onde Disponível na Netflix
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Sandra Bullock, Trevante Rhodes, John Malkovich
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Susanne Bier

Há dois momentos fortes em "Bird Box", recém-lançado na Netflix. O primeiro é o início do filme, no qual uma mulher com os olhos vendados prepara duas crianças, também vendadas, para descer um rio numa região florestal. É, para dizer o mínimo, intrigante.

Depois entramos na trama, que começa cinco anos antes, quando as pessoas começam a se suicidar depois de verem algo muito estranho e atraente. Sandra Bullock é a moça grávida que, no meio desse caos, consegue se abrigar na única casa da cidade aparentemente livre da ameaça.

Lá existe uma espécie de comunidade de salvos da catástrofe. Mas ali, por desgraça, pontifica John Malkovich, dotado de um mau humor não muito compreensível. Afinal, ele acaba de perder sua mulher (ela também vitimada pelo fenômeno), pela TV dá para saber que o mundo está acabando e todos ali estão no mesmo barco.

Isso não o impede, no entanto, de se dedicar a um repetitivo exercício de ameaças a quem está por perto.

Por sorte, a montagem alterna situações: ora no rio (cinco anos depois), ora na cidade. Isso permite algumas variações e mesmo a introdução de uma sequência forte, a da visita que o pessoal da comunidade faz a um supermercado. Como atravessar uma cidade cheia de carros batidos e cadáveres num automóvel com os vidros enegrecidos para impedir que os personagens vejam o mundo exterior?

Há sacadas boas como essa, que se alternam com outras ora menos felizes, ora que simplesmente duplicam situações. Não é só a personagem de Malkovich, com seu invariável mau humor: uma série de cenas é um tanto repetitiva.

O filme de Susanne Bier segue como uma montanha-russa, variando momentos fortes com outros que provocam sono, drama com suspense e terror.

A pergunta é: será que alguém ali consegue escapar? Bem, Sandra Bullock, sabemos, estará lá por um bom tempo. Uma atriz principal não pode desaparecer assim sem mais nem menos, e ela se tornou uma mestra da sobrevivência pelo menos desde "Gravidade". Desta vez, ela se faz acompanhar, entre outros, por Trevante Rhodes e duas crianças nessa fuga na floresta e no rio.

É uma parte forte, com um final bem imaginativo, diga-se. E Bullock, que era uma boa comediante, de uns tempos para cá tornou-se uma atriz dramática capaz de sustentar um filme praticamente sozinha.

Mas tudo isso importa menos do que o fato de o filme estar sendo lançado direto na Netflix. Aos poucos, vai se consolidando talvez uma tendência: filmes com certo apelo (suspense, terror, fim do mundo, Bullock, no caso), em vez de irem para salas, entram direto no streaming.

Para as grandes telas ficam os super-heróis, campeões de um mundo sempre de algum modo agonizante. Na sala ou em casa, o espectador manifestará, de todo modo, o temor de ameaças muito fortes ao universo e o alívio da salvação no último momento. É bem o nosso mundo, não?

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