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Cinema

'O Retorno de Mary Poppins' tem ritmo lento e formato antigo

Disney não conseguiu oferecer algo a mais na refilmagem do musical

Thales de Menezes

O Retorno de Mary Poppins

  • Quando Estreia nesta quinta (20)
  • Elenco Emily Blunt, Lin-Manuel Miranda, Ben Wishaw, Emily Mortimer
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Rob Marshall

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O braço cinematográfico do império Disney atravessa uma fase de muito sucesso financeiro, mas não anda se destacando pela originalidade. "O Retorno de Mary Poppins" não é exemplar único de um resgate de ideias antigas.

Os quatro principais produtos do estúdio anunciados para 2019 ficam entre a continuação e a refilmagem: "Dumbo", "Aladdin", "Toy Story 4" e "O Rei Leão". Desses, algo bom é esperado de "Dumbo", que tem assinatura de Tim Burton, e de "Rei Leão", com animais de computação gráfica de extremo realismo.

"O Retorno de Mary Poppins" não recebeu nenhuma injeção para diferenciá-lo do primeiro "Mary Poppins", quinta maior bilheteria nos Estados Unidos em 1964 e filme que foi um "esquenta" para o estouro da estrela Julie Andrews no ano seguinte, com "A Noviça Rebelde".

A babá inglesa com poderes mágicos volta agora com Emily Blunt, que não canta como um rouxinol feito Julie Andrews, mas segura as músicas e consegue dar charme ao papel. O resto do elenco não chega a brilhar. Nem Colin Firth ou Meryl Streep, em pequenas participações.

Com um enredo semelhante ao original e canções apenas medianas, o máximo de modernidade que o filme transmite está nos bons efeitos visuais. Mas, depois de 50 anos de avanço tecnológico, isso era no mínimo uma obrigação.

No filme de 1964, Mary Poppins surge em Londres flutuando no céu para cuidar das crianças da família Banks. Com poderes mágicos aparentemente ilimitados, ela conduz os irmãos Michael e Jane num momento difícil de suas vidas, dando lições entre números musicais.

Agora o enredo joga tudo 20 anos para a frente. Jane é solteirona e Michael acaba de ficar viúvo. Com dificuldades financeiras, ele está prestes a perder a antiga casa da família, na qual vive com três filhos pequenos.

O raio cai duas vezes no mesmo lugar. Mary Poppins chega para tomar conta das crianças e, como todos esperam, ajudar Michael a salvar sua casa.

Ao passarem para a vida adulta, Jane e Michael praticamente se esqueceram da magia da babá. É a vez de Annabel, John e o cativante caçula Georgie se deslumbrarem com os poderes de Mary Poppins, acompanhados por Jack, o simpático acendedor dos lampiões de rua que é apaixonado por Jane.

Tudo é bonitinho, mas certinho demais, antiquado, velho mesmo. Poderia ter sido feito em 1965 e sairia quase do mesmo jeito. Talvez truques visuais como golfinhos na banheira da casa dos Banks não fossem incluídos, mas esse apuro técnico é a única coisa moderna na produção.

Difícil crer que o ritmo lento da ação e o formato de musical antigo possam seduzir as plateias mirins atuais, tão conectadas a altas velocidades. Mas pais e avós que forem aos cinemas levando os pequenos correm o risco de uma viagem nostálgica e agradável.

Não resta dúvida que "O Retorno de Mary Poppins" precisava de algo a mais, o que a Disney não conseguiu oferecer.

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