Sonia Abreu, primeira DJ mulher do Brasil, morre aos 68 anos

Em atividade desde os anos 1960, ela teve complicações decorrentes de doença degenerativa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Sonia Abreu, tida como a primeira DJ do Brasil, morreu na noite desta segunda-feira (26), aos 68 anos. Ela teve uma fadiga respiratória decorrente da esclerose lateral amiotrófica, a ELA —doença degenerativa que afeta o sistema nervoso e acarreta paralisia motora irreversível.

Na música desde os anos 1960, Abreu estava ativa até recentemente e se apresentou pela última vez em junho deste ano, na Galeria Olido, no centro de São Paulo. Na ocasião, ela já estava debilitada e comandou as picapes de  cadeira de rodas.

mulher tocando
Sônia Abreu, primeira DJ mulher da história do Brasil, tocando no Sesc Pompeia ORG XMIT: o1YbSJWaBTdSZDIhCOzV - Reprodução/Facebook

Para Claudia Assef, jornalista, biógrafa e amiga de Abreu, ela foi uma pioneira “não só na música”. “Sempre foi uma mulher que furou as bolhas e quebrou paradigmas. Nunca perguntou se uma mulher poderia discotecar, se poderia dirigir um soundsystem em cima de um ônibus ou de um barco. Ela simplesmente foi fazendo.”

Quando Sonia Abreu começou, a profissão dela nem sequer tinha nome —os DJ eram chamados de sonoplastas. Nascida em 1951, ela começou a dar os primeiros passos na música com 12 anos. Aos 16, tocou profissionalmente pela primeira vez.

Abreu —chamada de “Soniaplasta”, uma junção de seu nome com a profissão— trabalhou na programação da rádio Excelsior (atual CBN), onde lançou a coleção de discos “A Máquina do Som”, nos anos 1970. Depois, passou por 89 FM, Brasil 2000, Rádio USP e Rádio Globo.

Nos anos 1980, ela também teve uma rádio pirata e ambulante chamada Ondas Tropicais, com a qual passava tocando pelas ruas de São Paulo. A Ondas Tropicais chegou a ter vários formatos, como Kombi, Fusca, trio elétrico, ônibus com um palco em cima —e até um barco.

“Ondas Tropicais”, sua biografia, saiu em 2017, assinada por Assef em parceria com o jornalista Alexandre Melo. A autora, que visitou Abreu pela última vez na sexta-feira (23), diz que música era a vida da DJ.

“Acho que ela devolveu tudo isso para a gente, em forma de eventos, discos, músicas, tendências que ela lançou”, diz Assef. “E ela queria morrer tocando. Eu sei disso.”

O velório de Abreu será a partir das 8h desta terça (27) e irá até as 14h no Funeral Home, no bairro Bela Vista, em São Paulo (r. São Carlos do Pinhal, 376).

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.