Em tempos de fixação exagerada nos avanços tecnológicos, o que mais chama a atenção em um novo blockbuster não é seu ator principal nem o diretor, mas a tecnologia usada.
Mas os motivos para se ver “Projeto Gemini” estão muito mais representados pelo ator, Will Smith, e por seu diretor, Ang Lee, do que pelo 3D+ em HFR alardeado pelo filme e comentado no boca a boca.
O que tem a mais nessa tecnologia —um aspecto cada vez mais artificial, disfarçando-se de realista. O que tem de fato e que já podíamos esperar em um filme com Smith e Lee no comando —atuação minimamente competente e algo a se reter na direção.
Porque qualquer filme de Ang Lee, do mais comercial ao mais pretensioso, denota sempre uma atenção especial a algum aspecto normalmente deixado em segundo plano, uma delicadeza de olhar e uma sensibilidade que fazem a diferença na construção narrativa.
Smith é Henry Brogan, um assassino profissional que trabalha para o governo dos Estados Unidos. É considerado o melhor no seu ramo. Mas depois de uma missão muito arriscada, percebe que esse ramo não faz bem para ele e decide que é hora de se aposentar.
O problema é que essa última missão revela também uma dupla manobra traiçoeira, e seus superiores, Clay Verris (Clive Owen) e Janet Lassiter (Linda Emond), conseguem flagrar o momento em que ele é informado disso por um velho amigo de combate.
O que se segue é algo que já vimos inúmeras vezes no cinema: o assassino passa a ser perseguido por outros assassinos, porque é necessário realizar uma queima de arquivo. Junto dele, Danny (Mary Elizabeth Winstead), uma funcionária do governo que acaba implicada no caso, e Baron (Benedict Wong), outro companheiro de combate.
Tudo se torna mais complicado quando Henry descobre que o seu jovem perseguidor pensa exatamente como ele, adiantando-se aos menores movimentos. Difícil dizer mais sem entregar informações importantes da trama, os famigerados “spoilers”. Basta dizer que a complexidade é tratada de maneira simples por Ang Lee, e essa simplicidade é louvável.
A narrativa simples é construída de maneira sóbria, com atuações impecáveis, diálogos acima da média para um filme de ação, cenas muito bem dirigidas e também uma discreta dose de humor.
A direção, aliás, faz a diferença até numa perseguição de moto que lembra videogame, com a câmera que acompanha as acelerações dos veículos e as coisas impossíveis que eles fazem. Ou seja, até filmando algo derivado de um game Ang Lee se sai bem.
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