Projeto de dança terá 'manifestação silenciosa' no vão-livre do Masp

Coreografias promovem diálogo entre dança e arquitetura em SP

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São Paulo

Pinturas com tintas que vazam de tecidos para telas ou o concreto aparente da arquitetura brutalista dão e ganham novas formas com os movimentos de bailarinos. 

Na conversa entre dança, arquitetura e artes visuais, dois nomes ocupam espaços de São Paulo, criando novas formas de olhar essas linguagens.

“O que Vemos quando Olhamos Dança?” é o projeto da bailarina Beth Bastos. “Peguei a pergunta emprestada da Lisa Nelson”, diz a coreógrafa.

Nelson, dançarina americana, e Klauss Vianna (1928-1992), um dos nomes mais importantes da dança contemporânea brasileira, são bases para a pesquisa de movimento do Núcleo Pausa, criado por Bastos. 
O projeto começou a ser desenhado em torno da arquitetura brutalista da Casa Miani, na zona sul de São Paulo, idealizada por Gaetano Miani.

Após a morte do artista plástico, em 2009, a família decidiu preservar a casa, não apenas para visitação, mas também como espaço de criação. Beth é casada com um dos filhos do pintor de origem italiana. 
Contemplado pelo programa municipal de fomento à dança, o projeto se movimentou por outros espaços da cidade, como praças e a Oficina Cultural Oswald de Andrade.

Nas apresentações na Casa Miani, encerradas no último dia 24, o público vagava ao redor da piscina, vãos de concreto, esculturas e plantas reveladas por movimentos delicados de bailarinos. 

Em seu desdobramento, o projeto chega neste sábado (30) ao vão-livre do Masp. Para conversar com a arquitetura de Lina Bo Bardi, Bastos está convidando bailarinos e interessados para uma oficina às 14h, no museu. Às 16h, os participantes receberão 60 cravos vermelhos para uma “manifestação silenciosa”.

As ações continuam no dia 14 de dezembro, com uma performance no MAC. É também até esta data que ocorre outra conversa da dança com as artes visuais, o “Ensaio Aberto”,  projeto de Luiza Gottschalk com curadoria de Ana Paula Cohen e coreografia de Emílio Rogê.

Na sala de exposições da Praça das Artes, telas enormes criam um labirinto de imagens.

Entendendo suas pinturas como um “embate entre corpos”, Gottschalk começou a conversa com a dança junto ao coreógrafo Rogê a partir de sua obra “A Boneca de Lata”, que está na Praça das Artes.

Nas apresentações, os bailarinos executam movimentos com base no balé clássico ao redor da série “Montanhas que Choram”. Nessas pinturas, as cores e formas diluídas pela água se movem pela trama vazada, criando novas formas.

Sugerem passos e posturas para os bailarinos, que, por sua vez, propõem ao público novas formas de olhar as obras e de se locomover na sala.

Corpos e obras são refletidos em um grande espelho, como os das salas de aula de dança. Na relação entre as linguagens, o público vê o duplo das pinturas e dos bailarinos e se vê, nessa conversa sem fim entre dança e artes visuais.

Ensaio Aberto

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