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Cinema

Com elenco estrelado, 'Entre Facas e Segredos' faz alusão à política anti-imigração de Trump

Daniel Craig faz detetive que investiga morte de escritor famoso em paródia que poderia ter sido escrita por Agatha Christie

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Entre Facas e Segredos

  • Quando Estreia nesta quinta (12)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Daniel Craig, Chris Evans, Ana de Armas, Jamie Lee Curtis e Toni Collette
  • Produção EUA, 2019
  • Direção Rian Johnson

“Entre Facas e Segredos” propõe-se não como um “whodunit” (livremente traduzido como “quem é o culpado?”), mas como uma paródia deste subgênero, que poderia ter sido escrita por Agatha Christie.

Após uma festa, acontece o assassinato do famoso e, sobretudo, rico escritor Harlan Thrombey. Dado primeiro como suicídio, o caso levanta suspeitas e, poucos dias depois, o policial Elliott convida todos os presentes a se reunirem na mansão do escritor para revisarem o caso. Ele é acompanhado pelo Hercule Poirot de plantão, o detetive Benoit Blanc (Daniel Craig).

Talvez para escapar ao tipo 007, que aliás desenvolveu de forma original, Craig exagera um tanto na pompa risível de seu detetive. Não há problema, porque a direção de Rian Johnson também se faz notar pela afetação (além da fotografia um tanto escura). O objetivo talvez seja mesmo esse: conduzir o espectador suavemente do policial puro à mistura com a comédia.

O “whodunit”, não se pode esquecer, foi o subgênero de policial que Hitchcock, com sua acuidade, criticava severamente, ao dizer que nesses filmes o único interesse que restava ao espectador era esperar pela descoberta do verdadeiro criminoso.

Para escapar desse destino, Johnson instila em Craig um quê de Jacques Clouseau, o detetive desastrado de “A Pantera Cor-de-Rosa”. Mas Blanc é inteligente e esperto, apesar de disfarçar essas virtudes.
Como está acompanhado de um elenco forte, o filme tem vários elementos para compor a diversão leve
a que se propôs chegar.

Mas se pretendeu mais que isso, não deu muito certo, e nem mesmo a presença tutelar de Frank Oz faz o filme lembrar os melhores momentos de Frank Oz na direção.

Não se pode esquecer, no entanto, a figura de Marta Cabrera. Ela terá papel relevante, sem dúvida, mas o importante é a notação política que Johnson introduz em seu filme. Ela é filha de uma imigrante ilegal, o que torna sua situação na coisa toda desconfortável.

Se a alusão à política anti-imigração de Trump é mais que óbvia, traz em todo caso um ensinamento: até aqui pensávamos que esse tique de ver empregados domésticos como agregados da família, quando isso é conveniente, fosse uma patente brasileira. Não é. Ou então Johnson andou fazendo um estágio por aqui para fazer esse filme mais ou menos, embora simpático.

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