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Cinema

Comédia 'Finalmente Livres' foge do humor escrachado ou escatológico

Diretor reuniu elenco cujos nomes não se associam imediatamente com a comédia, como Adèle Haene e Audrey Tatou

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Finalmente Livres

  • Quando Estreia nesta quinta (12)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Adèle Haenel, Pio Marmaï, Audrey Tautou
  • Produção França, 2018
  • Direção Pierre Salvadori

No DNA de toda comédia há um tanto de zombaria, um bocado de ironia e uma sucessão de erros.

“Finalmente Livres”, dirigido pelo francês Pierre Salvadori, atualiza esta eterna fórmula inserindo energia e um irresistível quarteto de atores na receita.

A ideia do “nada é o que parece ser” revela-se na primeira sequência. Após a explosão de uma porta, o filme começa com uma típica pancadaria de cinema-brucutu. No meio da confusão não dá para distinguir o lado da lei e o da bandidagem. Corte.

A cena seguinte mostra que os tiros, porradas e violência extrema são o colorido da história que um menino escuta na hora de dormir, embora o enredo seja mais que impróprio para uma criança.

Cada etapa do roteiro brinca com esse tipo de desajuste entre o que se espera e o que acontece. Por exemplo, uma policial se desdobra para proteger um assaltante, um homicida confessa ter picado a mãe em mil pedaços, mas não consegue ser preso. A sucessão de disparates provoca um apagamento na nossa confiança entre o certo e o errado. E a “liberdade” expressa no título torna-se um conceito para lá de relativo, em meio a inocentes algemados e à promiscuidade entre a lei e o crime.

Embora seja cômico, “Finalmente Livres” não segue a tendência do humor escrachado ou escatológico difundido nas comédias contemporâneas. Salvadori prefere o que outrora se chamava “sugestão”, ou seja, um humor indireto e uma comicidade que deriva do acúmulo, em vez de ser uma explosão, como a torta na cara.

Para obter esse efeito de deslocamento, de virada do normal em absurdo, Salvadori reuniu um elenco cujos nomes não se associam imediatamente com a comédia.

A imagem dramática que Adèle Haenel projeta, a transição que Damien Bonnard faz de policial tenso a doce apaixonado, o temperamento lunático que Pio Marmaï agrega ao personagem de perigoso, mas nem tanto, e Audrey Tautou descolada de seu estereótipo frágil são como elementos químicos cuja combinação gera efeitos esperados.

“Finalmente Livres” não é para quem procura gargalhadas apimentadas. Já os que preferem saborear uma ironia meio doce, meio amarga encontrarão no filme um prato bem saboroso.

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