Juscelino Kubitschek deu apoio a Salazar na manutenção do colonialismo português na África

Ex-presidente mineiro é tema do 14º volume da Coleção Folha, que será lançado no próximo domingo, dia 15

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São Paulo

Presidente entre 1956 e 1961, Juscelino Kubitschek de Oliveira entrou para a história como o mandatário que liderou a construção de uma nova capital, Brasília, que atraiu altos investimentos estrangeiros e que promoveu a indústria automobilística.

Por outro lado, o político mineiro também se notabilizou por certa frouxidão na política econômica, que permitiu o aumento da inflação.

O ex-presidente Juscelino Kubitschek
O ex-presidente Juscelino Kubitschek - Acervo UH/Folhapress

Pouco se fala, no entanto, sobre a questionável —para dizer o mínimo— relação entre os governo de Brasil e Portugal nos anos JK.

 

Esse é um dos temas abordados no volume 14 da Coleção Folha - A República Brasileira. Escrito pelo historiador Pietro Sant’Anna, o livro sobre o presidente nascido em Diamantina chega às bancas no próximo domingo, dia 15. 

Na década de 1950, Portugal corria o risco de perder suas colônias na África, como Angola e Moçambique. O movimento de descolonização havia ganhado força depois da Segunda Guerra Mundial. 

António Salazar temia que a perda dos territórios africanos enfraquecesse seu regime de governo. Para manter o império, o ditador português contou com o apoio constante de Juscelino. 

“O governo JK não hesitou em interceder a favor do ‘irmão’ se o assunto era a manutenção das colônias”, escreve Sant’Anna. 

Essa parceria se expressava em reuniões da ONU e mesmo em desavenças internas. JK se incomodou quando Álvaro Lins, embaixador brasileiro em Lisboa, prestigiou opositores do salazarismo. 

Em muitos sentidos, Juscelino foi um democrata notável. Diferentemente de boa parte dos seus antecessores, ele não liderou quebras institucionais nem as estimulou. 

Mas o apoio de JK à inflexibilidade de Salazar se impõe com uma contradição, que merece ser lembrada.

Por uma série de fatores, inclusive alianças dessa natureza, o colonialismo português na África só se dissolveu na década de 1970.

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