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Cinema

Sobra tecnologia em filme com Harrison Ford, mas falta mais encantamento

'O Chamado da Floresta' põe o ator para interagir com cachorro feito em CGI

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O Chamado da Floresta

  • Quando Estreia nesta quinta (20)
  • Classificação Livre
  • Elenco Harrison Ford, Karen Gillan e Dan Stevens
  • Produção EUA, 2020
  • Direção Chris Sanders

“O Chamado da Floresta” é divertido e emocionante. Pode receber tranquilamente o selo de filme para toda a família. Mas algo parece incomodar. O que deveria ser uma das principais atrações do longa talvez provoque alguma estranheza na plateia.

O filme tem um cachorro herói, o gigantesco Buck. Cão mimado de uma família rica da Califórnia, no final do século 19, ele é roubado e levado para o norte do Canadá, um mundo de montanhas e neve, para ser puxador de trenó entre garimpeiros que estão em busca de ouro.

O livro “O Chamado da Floresta” (1903), de Jack London, é um clássico da literatura americana, obrigatório para os leitores jovens. Sua história já foi levada para vários filmes, mas nunca antes com a tecnologia empregada nessa nova produção.

Buck e todos os animais na tela são gerados por computação gráfica. Nas primeiras cenas com o cachorrão, o visual chega a incomodar. Centradas nas travessuras de Buck na mansão da família, as sequências deixam a impressão de trazer uma espécie de novo Scooby-Doo. Mas quando a ação é transportada para as montanhas de Yukon, tão selvagens e rudes como os milhares de garimpeiros em busca de fortuna, o filme ganha tons sombrios.

Buck vai sofrer um bocado antes de se tornar o líder de uma matilha de puxadores de trenó, trabalhando para o homem boa-praça que entrega correspondência na região gelada. Muitas cenas são protagonizadas exclusivamente pelos cães da matilha. Nesses momentos, a sensação de estar assistindo a uma historinha da Disney retorna. Só falta os animais começarem a falar.

A sorte de Buck muda. Ele é ameaçado por um vilão que o maltrata. Mas o cachorro terá uma ajuda providencial. Como Harrison Ford está no cartaz no filme, fica claro que um herói vai surgir.

A segunda parte da narrativa é uma viagem de Buck e do garimpeiro John Thorton a extremos inexploradas do norte do Canadá.

Harrison Ford teve a dura tarefa de contracenar sozinho a maior parte do tempo, em cenas que depois receberam a figura grandalhona de Buck. A conexão entre atores e imagens computadorizadas é ótima. O diretor do filme, Chris Sanders, tem um currículo invejável em animação. Ele dirigiu “Lilo & Stitch”, “Como Treinar o Seu Dragão” e “Os Croods”.

Quem não comprar muito bem a ideia dos cães animados talvez reclame também do roteiro um tanto simplório. Sem a beleza da prosa de Jack London, a ação é previsível. Até porque algumas situações do livro clássico já foram usurpadas inúmeras vezes por outros filmes estrelados por cachorros.

Sobra tecnologia em “O Chamado da Floresta”. Falta mais encantamento.

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