João Bosco faz live em ode a Aldir Blanc, internado com coronavírus

Apresentação online ao vivo passou por clássicos como 'O Bêbado e a Equilibrista' e 'Incompatibilidade de Gênios'

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São Paulo

No meio de uma crise sanitária global, leitos lotados nos hospitais e filas nos cemitérios, o "tá lá o corpo estendido no chão" que João Bosco dedilhou no início da noite deste sábado (25) ganha novos significados.

Vestindo um boné e uma camiseta pretos, sentado no sofá xadrez de sua casa e acompanhado apenas do violão e das fotografias pregadas na parede, o músico se apresentou por uma hora como parte da programação diária de lives promovidas pelo Sesc São Paulo.

O que era para ser um pocket show de dez músicas acabou se tornando uma saudação artística a Aldir Blanc, compositor e parceiro de João Bosco que está internado há dez dias em estado grave no Rio de Janeiro por causa do novo coronavírus.

"Estamos todos na torcida para que ele saia logo dessa", disse Bosco após terminar "De Frente pro Crime", parceria sua com Blanc presente no disco "Caça à Raposa", de 1975, e que começa com o verso "tá lá o corpo estendido no chão". "Espero que esses sambas possam dar uma força, e a gente possa ter ele de volta o mais rápido possível", continuou.

Horas antes da live, a filha de Aldir Blanc publicou nas redes sociais que seu pai segue em estado grave e que passou nesta madrugada uma das noites mais difíceis desde que foi internado.

Vascaíno, Blanc compôs com o flamenguista Bosco o hino "Incompatibilidade de Gênios", do álbum "Galos de Briga", de 1976, que foi a segunda música tocada na live que contou com cerca de 185 mil visualizações somando Instagram, Facebook e YouTube —para comparação, há duas semanas, Marília Mendonça quebrou o recorde da plataforma, com mais de 3 milhões de acessos ao mesmo tempo.

João Bosco faz apresentação online neste sábado (25)
João Bosco faz apresentação online neste sábado (25) - Reprodução

Mesmo com áudio instável, que ocilava entre o som estourado e um volume mais baixo do que o desejado, João Bosco desfilou parcerias com Aldir Blanc como "Coisa Feita", "Corsário" e "Nação", que emendou com a faixa "Cordeiro de Nanã" como faz em seu novo álbum, "Abricó-de-Macaco".

O lançamento do disco, marcado para este mês, foi adiado por causa do estado de saúde de Blanc. Agendado agora para maio, ele conta com duas músicas inéditas e chegará às plataformas de streaming junto a um DVD, que também será exibido pelo Canal Brasil.

Entre a estranheza típica das lives, marcadas pela falta de plateia, palmas e pedidos de bis, Bosco apresentou também canções próprias, caso de "Jade", e composições com outros parceiros, como "Eu Não Sei Seu Nome Inteiro", "Quando o Amor Acontece" e "Sinhá" —esta última feita a quatro mãos com Chico Buarque.

Quando anunciou que faltava só uma música para encerrar a apresentação, pontualmente uma hora depois de iniciada, ainda restava uma enxurrada de clássicos para serem apresentados. Não haviam ressoado no violão "O Mestre-Sala dos Mares", "Dois pra Lá, Dois pra Cá", "O Rancho da Goiabada", "Gol Anulado" e "O Bêbado e a Equilibrista", só para lembrar algumas das parcerias mais famosas com Blanc.

Bosco escolheu esta última para finalizar a live —talvez na esperança, que na música "dança na corda bamba de sombrinha", que os acordes chegassem a Blanc no hospital.

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