O cineasta britânico Alan Parker morreu na manhã desta sexta-feira (31), aos 76 anos, em Londres. A informação foi confirmada pelo British Film Institute, que afirmou que Parker lutava com uma doença não especificada.
“Nós estamos profundamente tristes por saber que o cineasta britânico Alan Parker morreu nesta manhã”, disse a instituição em nota publicada nas redes sociais. O diretor e roteirista esteve à frente do BFI de 1998 a 1999.
Entusiasta do cinema de seu país, Parker na verdade produziu alguns dos principais sucessos de sua carreira nos Estados Unidos. É o caso de “Mississippi em Chamas”, de 1988, em que Gene Hackman e Willem Dafoe interpretam dois agentes do FBI que investigam o desaparecimento de um grupo de ativistas pelos direitos civis no sul dos EUA.
Ele foi indicado ao Oscar pelo trabalho de direção no longa, mas perdeu para Barry Levinson, diretor de “Rain Man”.
Parker já havia concorrido à estatueta hollywoodiana uma década antes, com “O Expresso da Meia-Noite”, de 1978. Exibido no Festival de Cannes, o drama narra a história do escritor Billy Hayes, que foi preso na Turquia por tráfico de drogas durante a juventude. Na ocasião, Parker perdeu o Oscar para Michael Cimino, de “O Franco Atirador”.
O cineasta também tinha afinidade com a música. Ele dirigiu Madonna na adaptação do clássico musical “Evita” para o cinema, em 1996. Com canções do inglês Andrew Lloyd Webber, a produção mostrava a vida da primeira-dama argentina Eva Perón.
Ainda foi responsável por “Fama”, de 1980, que mais tarde fez uma bem-sucedida transição para os palcos ao acompanhar um grupo de adolescentes numa escola de artes cênicas de Nova York.
Em parceria com Roger Waters, dirigiu o clássico “Pink Floyd - The Wall”, de 1982. A produção foi criada a partir do álbum homônimo e venceu o prêmio do público de melhor filme estrangeiro no Festival Sesc Melhores Filmes.
Parker, inclusive, tinha uma relação de proximidade com o público brasileiro. Ele esteve no país diversas vezes. Em 2010, integrou o júri da 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Na ocasião, disse, em entrevista a este jornal, que os filmes não o “enchiam mais tanto de prazer”.
“As coisas mudaram muito. Por 20 anos, pudemos fazer filmes pessoais e sérios, com bom público. Hoje não. Os filmes são apenas efeitos especiais, sem nada a dizer”, afirmou à época.
Mesmo sem nunca ter vencido o Oscar, Parker colecionou, ao longo da carreira, diversos prêmios Bafta, a maior honraria do cinema e da televisão britânicos. A primeira vitória foi com o filme para a TV “The Evacuees”, de 1975.
Nos anos seguintes, recebeu estatuetas pelo roteiro de “Bugsy Malone - Quando as Metralhadoras Cospem”, de 1976, e pela direção de “O Expresso da Meia-Noite” e de “The Commitments: Loucos pela Fama”, de 1991. O último título também lhe garantiu um Bafta de melhor filme.
A Academia Britânica de Artes do Cinema e da Televisão o homenageou em 2013, com um prêmio honorário por sua contribuição ao cinema.
Parker levou seus filmes a diversos festivais, como Berlim e Cannes. Em sua participação no evento francês de 1985, recebeu o prêmio do júri por “Asas da Liberdade”, sobre dois amigos que retornam da Guerra do Vietnã.
Na área de fomento ao cinema, além do trabalho à frente do BFI, Parker foi um dos fundadores do sindicato de diretores do Reino Unido e do UK Film Council, órgão criado em 2000 para promover o audiovisual no país. Ele deixa a mulher, Lisa Moran-Parker, cinco filhos e sete netos.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.